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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Caio Coppolla vê autocensura da Jovem Pan durante cobertura da eleição

Comentarista político é um dos que deixaram a emissora após eleição de Lula

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O comentarista político Caio Coppolla diz que a rádio Jovem Pan praticou "autocensura" durante a eleição, após ser pressionada por decisões judiciais. Isso pode ter contribuído, segundo ele, para sua saída e de outros colaboradores identificados com a direita da emissora.

Nesta sexta-feira (18), o comentarista e a direção da Jovem Pan formalizaram o encerramento da relação profissional, por meio de uma "rescisão amigável, fruto de mútuo acordo", de acordo com nota divulgada pelas duas partes.

O comentarista Caio Coppolla (à dir.), com o dono da Jovem Pan, Tutinha
O comentarista Caio Coppolla (à dir.), com o dono da Jovem Pan, Tutinha - Acervo pessoal

Desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Jovem Pan afastou diversos comentaristas identificados com a direita, como Coppolla, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza.

Durante a eleição, o TSE determinou que a empresa se abstivesse de promover inserções e manifestações dizendo que Lula mentia a respeito de ter sido inocentado pela Justiça, com multa fixa de R$ 25 mil a cada infração. Além disso, concedeu três direitos de resposta ao petista.

Seus colaboradores ficaram proibidos de referir-se ao então candidato com termos como "descondenado" ou "ex-presidiário".

Em entrevista por escrito ao Painel, Coppolla afirmou que na eleição "houve censura e autocensura, e é importante não confundi-las: a primeira parte do Estado e, via de regra, é inconstitucional. A última parte do próprio veículo de imprensa, de acordo com a sua linha editorial e interesses particulares".

"As determinações impostas pela Jovem Pan, a partir de uma decisão do TSE, eram facilmente contornáveis: bastava não usar certos adjetivos, nem falar sobre determinados temas. No caso do Boletim Coppolla [nome de seu programa], os programas não foram ao ar por decisão da direção de jornalismo, nunca por prévia determinação legal", declarou.

Como mostrou o Painel, o dono do grupo, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, disse em reuniões internas que "a desobediência civil não sairá do meu bolso", para justificar a demissões.

"Se ele disse isso, não se referiu a mim. Nunca fui alvo de nenhum inquérito ou processo", afirma o comentarista.

Segundo Coppolla, o anúncio da saída só foi formalizado agora por causa do rito das negociações. "Depois de 1 ano de parceria, a renovação ou rescisão do contrato não estavam acertadas. Mas uma vez que decidimos de mútuo acordo pelo distrato, havia pendências que dependiam de formalização junto ao juízo arbitral", declarou.

Ele nega que tenham pesado na sua saída episódios de mau comportamento, que chegaram a ser divulgados por alguns sites.

"Teve blogueiro mau-caráter que publicou coisa muito pior, insinuando (sem provas) que havia denúncias criminais contra mim. Claro que isso não procede, basta verificar os registros de boletins de ocorrência ou processos judiciais. Os blogs mentiram sobre a rescisão, que foi acordada e amistosa, e mentiram sobre a motivação para o fim da parceria. Mas até aqui, nada de novo: quando deixei a CNN após dois anos, por encerramento do contrato, também alegaram falsamente que eu havia sido demitido".

O comentarista diz que sua saída não se deveu a questões de audiência. "Só no canal da Jovem Pan no YouTube, as últimas dez publicações do Boletim Coppolla ultrapassaram a média de 1,2 milhão de visualizações".

"Meu palpite é que a motivação da emissora para encerrar a parceria seja uma mudança na linha editorial do grupo, talvez motivada por insegurança jurídica. Tribunais têm dado sucessivas decisões no sentido de legitimar a censura e cercear a liberdade de expressão, e isso pode ter enorme impacto econômico em empresas de comunicação".

Coppolla assegura não ter "qualquer ressentimento" da Jovem Pan. "É prerrogativa da emissora veicular o que ela bem entender. Além disso, considerando o atual cenário de violações à liberdade de imprensa pelo Poder Judiciário, reações pautadas pela cautela ou pelo enfrentamento, pela covardia ou pela coragem, são igualmente legítimas e compreensíveis. Sou extremamente grato à Jovem Pan pelas oportunidades propiciadas e faço minhas as palavras do próprio Tutinha no encerramento dessa parceria: ‘as portas estarão sempre abertas’".

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Leia íntegra da nota da Jovem Pan sobre a saída de Coppolla:

Aproveitando o ensejo do encerramento do ano contratual, vimos, por meio deste, comunicar, a partir desta data, o fim da parceria entre o comentarista e apresentador, Caio Coppolla, e o grupo Jovem Pan, para produção e veiculação do programa "Boletim Coppolla". Lamentamos que esta rescisão amigável, fruto de mútuo acordo, tenha sido precedida por falsos rumores e insinuações fantasiosas de uma imprensa descompromissada com a verdade dos fatos.

"Parabenizo a Jovem Pan pela defesa da pluralidade de ideias, especialmente num cenário tão adverso à imprensa independente, onde assistimos – atônitos – à volta da censura" – afirmou Coppolla, ao assinar o distrato. Sócio da Jovem Pan, Tutinha agradeceu o profissional por sua passagem pela emissora: "Caio é muito querido pelo público da Jovem Pan, as portas da casa estarão sempre abertas".

Desejamos sucesso ao comentarista em seus futuros projetos.

São Paulo, 18 de novembro de 2022

Grupo Jovem Pan

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