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Desobediência civil não sairá do meu bolso, diz dono da Jovem Pan sobre desmanche

Tutinha diz que reformulação visa a evitar multas pela Justiça e promete não mudar orientação ideológica do grupo

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São Paulo

Questionado a respeito das trocas, saídas e demissões de bolsonaristas da Jovem Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono do grupo, disse em reuniões internas que "a desobediência civil não sairá do meu bolso".

Ele se referia a penalidades que o grupo poderá sofrer caso comentaristas do canal contrários ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), descumpram decisões judiciais e continuem fazendo acusações ao petista (veja quem foi dispensado).

O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a empresa se abstenha de promover inserções e manifestações que digam que Lula mente a respeito de ter sido inocentado pela Justiça, com multa fixa de R$ 25 mil a cada infração. Além disso, concedeu três direitos de resposta ao petista.

Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan
Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan - Mathilde Missioneiro-20.dez.2019/Folhapress

Em editorial, a Jovem Pan disse ter sido censurada.

Dias depois, o jornalista Augusto Nunes dirigiu ofensas a Lula relacionadas à decisão judicial, como "ladrão", "ex-presidiário" e "descondenado", que poderiam implicar punições mais pesadas à empresa. Ele foi então afastado e dispensado da Jovem Pan.

Outros aliados do bolsonarismo deixaram a emissora nos dias seguintes, como Guilherme Fiúza, Carla Cecato (que foi apresentadora dos programas eleitorais de Bolsonaro) e Caio Coppola.

Antes do resultado das eleições, Tutinha já dizia a pessoas próximas que o cenário seria ruim para a Jovem Pan com eventual vitória de Bolsonaro, pois o rigor do STF com o grupo poderia aumentar. Em caso de triunfo de Lula, que foi o que ocorreu, a situação seria ainda pior.

A ideia com as trocas, segundo vem argumentando Tutinha, não é a de mudar a orientação ideológica bolsonarista do grupo, mas colocar nomes que respeitem as decisões judiciais, evitando assim multas e outras punições.

Para ocupar o espaço de Augusto Nunes, por exemplo, uma aposta é Fernão Lara Mesquita, ex-diretor do jornal O Estado de S. Paulo. No lugar de Carla Cecato, que estava afastada, Thiago Pavinatto continuará no comando do programa Linha de Frente, como mostrou o site Notícias da TV.

Nos últimos anos, desde que se vinculou ao antipetismo e, posteriormente, ao bolsonarismo, a Jovem Pan saltou para o primeiro lugar no setor de notícias em São Paulo, como detalhou reportagem da Folha.

Às 18h, horário nobre do rádio, na faixa ocupada pelo Pingos nos Is, a Jovem Pan ultrapassa os 180 mil ouvintes por minuto, 38% a mais do que a segunda colocada, a BandNews FM, segundo dados da Kantar Ibope de junho a agosto deste ano. São cerca de 2,8 milhões de pessoas na capital paulista por mês.

O crescimento levou concorrentes a realizarem pesquisas qualitativas. Resultados indicaram que a Jovem Pan tem um ouvinte fiel que não consome outras fontes. Tem a rádio como única mídia tradicional, não lê jornal, diz evitar TV e se informa majoritariamente em redes sociais e grupos de WhatsApp.

Com endosso a pautas do bolsonarismo, como suspeitas sobre o sistema eleitoral e críticas à soltura de Lula e ao PT devido a acusações de corrupção, o programa Pingos nos Is lidera o crescimento no YouTube entre os canais com viés de direita e de direita radical durante o mandato de Bolsonaro.

Levantamento da Novelo Data, consultoria que monitora a plataforma, mostra que o Pingo nos Is quintuplicou a base de seguidores em dois anos. Perto de 5 milhões de inscritos, a atração está próxima de superar o canal da própria Jovem Pan, que agrega conteúdo de toda a programação. Em 2022, a audiência média do programa diário é de 809,3 mil visualizações no YouTube.

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