Ao menos quatro deputados federais contrataram na campanha eleitoral de 2022 colaboradores que participaram, posteriormente, dos atos antidemocráticos em Brasília em 8 de janeiro.
Os dados foram levantados pelo gabinete da deputada Duda Salabert (PDT-MG) a partir do cruzamento das informações sobre os investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por participação nos ataques com a prestação de contas das eleições passadas.
Bibo Nunes (PL-RS), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Igor Timo (Pode-MG) estão nessa relação.
Bibo Nunes, por exemplo, contratou por R$ 5.000 Tatiane da Silva Marques. Ela está entre as cem primeiras denúncias feitas pela PGR (Procuradoria Geral da República) e aceitas pelo STF.
Por meio de sua assessoria, Nunes informou que Tatiane foi contratada como cabo eleitoral, que o deputado conversou com ela após as eleições para comentar o resultado, mas que não voltou a falar com ela desde então e não sabia de sua participação nos ataques aos Três Poderes.
Otoni de Paula contratou Robson da Silva por R$ 3.500. O parlamentar disse que Robson foi contratado por um dos coordenadores de sua campanha como motorista, mas que não manteve nenhum contato com ele posteriormente. Ele afirmou ainda que, após ser procurado pelo Painel, pediu à sua equipe para questioná-lo sobre a participação nos atos antidemocráticos e que ele respondeu que não estava em Brasília em 8 de janeiro.
Já Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pagou R$ 1.000 ao ex-prefeito de Palma (MG) João Antônio Pereira referente ao aluguel de um imóvel para instalação do comitê de campanha local por 30 dias.
"As escolhas políticas são questões de foro íntimo do ex-prefeito e não têm qualquer relação com a atividade parlamentar do deputado federal Paulo Abi-Ackel ou sua posição ideológica. Muito pelo contrário, o deputado sempre se manifestou contrariamente aos extremos na politica e sempre defendeu o retorno do centro político ao comando do país", afirmou em nota.
Igor Timo contratou Luiz Fernando de Souza Alves por R$ 1,2 mil. O parlamentar não respondeu até a publicação desta nota.
Com base nas informações levantadas, Duda Salabert vai protocolar na CPMI de 8 de janeiro, da qual faz parte, requerimentos de quebra dos sigilos dos investigados no STF para apurar se há relação entre a contratação nas campanhas e a participação nos ataques. Pede ainda esclarecimentos acerca da relação entre os citados e os parlamentares que os contrataram.
O Congresso instalou nesta quinta-feira (25) a CPI do 8 de janeiro, formada por deputados federais e senadores, e elegeu o deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) como presidente e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) como relatora.
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