A ala dominante no PSOL, que inclui algumas de suas principais lideranças políticas, afirma em texto elaborado para o próximo congresso da legenda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito uma opção pela "governabilidade a qualquer custo".
O texto, com o título de "Por um PSOL Popular", prega ainda que o partido tenha postura de "solidariedade ativa" ao atual governo, mas sem alinhamento automático.
"O PSOL deve seguir ocupando o espaço de ala esquerda da base do governo Lula, de força política a ser ouvida nas negociações de mérito dos projetos do Executivo, sem deixar de expressar dissenso sempre que isso se impuser", diz o texto, assinado, entre outros, pelo presidente da legenda, Juliano Medeiros, pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e pelo líder da bancada na Câmara, Guilherme Boulos (SP).
Um exemplo recente deste dissenso ocorreu na votação do arcabouço fiscal, quando o partido se posicionou de forma contrária à matéria, uma das prioridades da agenda legislativa de Lula. Por essa razão, acabou sendo criticado por outras legendas governistas, como o PT.
Segundo o documento dos psolistas, o arcabouço e a influência do centrão limitam as possibilidades de Lula fazer um governo verdadeiramente de esquerda.
"Lula repete características de seus governos anteriores governando dentro dos limites da correlação de forças dada e dos acordos parlamentares possíveis", diz o documento.
O texto deverá ser debatido no congresso da legenda marcado para setembro, quando a direção nacional será renovada. A tendência é que a ala composta por Medeiros, Boulos e Guajajara siga comandando o partido.
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