Ao desembarcar na Índia nesta sexta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se deparou com outdoors que pedem que ele indique uma mulher negra e progressista para o Supremo Tribunal Federal. A ministra Rosa Weber se aposentará da Corte até outubro, quando completará 75 anos.
Em inglês, os outdoors dizem "em 132 anos, o Brasil nunca teve uma mulher negra no STF", "presidente Lula, contamos com você para indicar uma mulher negra para o STF" e "os votos de mulheres e negros foram essenciais para a eleição de Lula em 2022".
Instalados na principal via de saída do aeroporto de Nova Délhi, os outdoors têm sido vistos por chefes de Estado, diplomatas e jornalistas que participarão de encontro dos países do G20.
A iniciativa faz parte de um conjunto de ações organizado pela ONG Nossas, Coalizão Negra por Direitos, Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), Instituto Marielle Franco, movimento Mulheres Negras Decidem, entre outros.
"A gente acha importante que esse apelo chegue no contexto do G20, já que se espera que o presidente vá abordar a questão da desigualdade, da fome, do clima. Tudo isso tem a ver com um posicionamento mais consistente sobre o enfrentamento das injustiças no Brasil, e a gente sabe que o STF tem um papel decisivo nessas questões", diz a ex-deputada Áurea Carolina, diretora-executiva do Nossas.
A indicação mais recente de Lula ao STF, Cristiano Zanin, tem recebido críticas de representantes de esquerda devido a posicionamentos conservadores. Alguns desses votos foram contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e contra a tipificação da homotransfobia como crime de injúria racial.
"A gente espera que o presidente Lula acerte ao corrigir o problema histórico, que é o fato de o STF nunca ter tido uma mulher negra como ministra, e também dê um sinal de que além de convidar pessoas negras e indígenas para subir a rampa do Planalto, ele quer que essas pessoas também estejam nos espaços de poder, tomando as decisões mais relevantes do país", completa Áurea Carolina.
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