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Escola que sofreu ataque a tiros no Paraná escolhe modelo cívico-militar

Dois adolescentes morreram após ação de ex-aluno; 65% dos colégios consultados optaram pelo formato militar

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São Paulo

Alvo de um dos 16 ataques a escolas no Brasil em 2023, o Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, optou pela mudança do modelo tradicional para o cívico-militar em consulta promovida pelo governo Ratinho Junior (PSD).

Das 126 escolas estaduais consultadas, 82 (65%) preferiram a mudança de formato a partir de 2024, enquanto outras 44 rejeitaram. Realizada na terça (28) e na quarta-feira (29), a votação envolveu professores, funcionários, pais de alunos e estudantes com mais de 16 anos das instituições.

No colégio Helena Kolody, houve 337 votos (72%) pela troca de modelo e 132 pela continuidade do formato atual.

Policiais isolam entorno do Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná
Policiais isolam entorno do Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná - Silvano Brito-19.jun.2023/Tarobá News

Em junho, um ex-aluno invadiu a instituição e atirou em dois adolescentes, que morreram. O atirador usou no ataque um revólver calibre 38 e entrou na escola com 50 munições e sete carregadores.

Relatório publicado por grupo de trabalho vinculado ao Ministério da Educação mostrou que 2023 já é o ano que apresenta maior número de ataques a escolas na história do país, com 16, mais que o dobro dos sete ocorridos em 2022.

Com o resultado da consulta, a gestão Ratinho Junior vai realizar a troca de modelo nas 82 instituições a partir de 2024. A meta é alcançar 400 instituições comandadas por policiais —atualmente são 194.

Além de uniformes específicos do programa estadual entregues aos alunos e da presença na escola de monitores ligados ao "Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários", outro diferencial da escola cívico-militar é a carga horária curricular. Há aulas extras de Português e de Matemática, além de aulas de Civismo e Cidadania.

De acordo com os dados da Seed (Secretaria de Estado da Educação), as escolas cívico-militares tiveram um avanço maior nas notas do Ideb, entre 2019 e 2021, na comparação com o desempenho das escolas regulares e integrais no mesmo período.

Ratinho Junior tem flertado com a possibilidade de se lançar na disputa pela Presidência em 2026 como representante de um bloco político da direita, formado também por nomes como Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), entre outros.

Como parte dessa estratégia, ele tenta emplacar as escolas cívico-militares e também as privatizações como marcas de sua gestão.

Em nota, o APP-Sindicato, que representa os professores do estado e se opõe ao modelo cívico-militar, diz que a consulta teve "condução autoritária", sem prazo para debate nem espaço para contraditório. Também afirma que aumentou a rejeição ao modelo cívico-militar, pois em 2020, em outra consulta, 12% das comunidades escolares recusaram a militarização.

Sobre o Ideb, diz que o suposto desempenho superior das escolas cívico-militares se deve à inexistência do ensino noturno nesses colégios, modalidade que teria índices maiores de infrequência e evasão. O sindicato também afirma que as escolas militarizadas já apresentavam Ideb abaixo da média e, por isso, têm maior margem de evolução frente ao índice geral da rede.

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