O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, respondeu por escrito no último final de semana a um de seus antecessores no cargo, Celso Lafer, que havia divulgado uma carta com críticas à decisão do Brasil de apoiar uma ação da África do Sul na Corte de Haia que apontava genocídio cometido por Israel em Gaza.
"Ele [Vieira] apresentou seus argumentos de maneira circunstanciada e com muito cuidado, apontando a possibilidade de um genocídio potencial. Eu mantenho minha opinião de que o genocídio não se aplica à discussão de temas humanitários e do direito de guerra", disse Lafer.
Chanceler durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Lafer argumentou em sua mensagem a Vieira que não é possível invocar a Convenção para a Prevenção ao Genocídio nos ataques israelenses a Gaza.
"O ilícito do genocídio pressupõe o dolo intencional, de destruir em parte ou em todo um grupo religioso ou étnico, e não creio que isso se configura nesse caso", afirma o ex-ministro.
Entre a mensagem enviada por ele a Vieira e a resposta do chanceler, a Corte de Haia determinou que Israel tome medidas cautelares necessárias para proteger civis palestinos, mas não entrou no mérito se os ataques do Estado judeu configuram genocídio.
Lafer, que preferiu não divulgar a carta de Vieira, disse que não pretende replicar e que considera o caso encerrado. O Itamaraty também não fez comentários.
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