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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Presidente do PSDB faz lobby pró-Jockey em SP, e aliados de Nunes temem conflito de interesses

Perillo trata ao mesmo tempo de posição tucana na eleição e de impasse do hipódromo com a cidade; ele diz que separa atividades políticas e profissionais

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São Paulo

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, tem feito lobby pelo Jockey Club da cidade de São Paulo, que vive tensão com a gestão Ricardo Nunes (MDB).

A atuação ocorre no momento em que o partido discute o rumo que tomará na eleição da capital e é cortejado pelo prefeito. Aliados de Nunes e vereadores têm demonstrado incômodo com possível conflito de interesses de Perillo.

Em nota ao Painel, o tucano rejeita sobreposição de suas atividades e afirma não ter participado de qualquer reunião que tenha tratado de apoio partidário na eleição paulistana.

Uma das maiores preocupações atuais de Perillo é com projeto que a Câmara Municipal deve votar nas próximas semanas que proíbe a utilização de animais em atividades desportivas com emissão de apostas, o que inviabilizaria o funcionamento do Jockey.

Marconi Perillo (esq.) em reunião sobre o Jockey Club de SP com o prefeito Ricardo Nunes (MDB)
Marconi Perillo (esq.) em reunião sobre o Jockey Club de SP com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - Divulgação-6.jul.2023

Segundo relatos, Perillo tem telefonado a parlamentares e tentado articular a reprovação do projeto, de autoria do vereador Xexéu Trípoli —ironicamente, também tucano.

Um dos maiores defensores da aprovação é Milton Leite (União Brasil), presidente da Casa e um dos aliados mais próximos de Nunes.

"Tem grandes chances de aprovação. São Paulo não comporta mais corridas de cavalo. Não quero ver cavalos levando chicotadas", afirma Leite ao Painel.

Nos últimos anos, sob comando de Leite, o Legislativo paulistano aprovou projetos para desapropriação e criação de um parque no espaço do Jockey na Cidade Jardim (zona oeste).

Em julho do ano passado, o presidente da Câmara disse que a ideia seria tomar o local como pagamento da dívida de R$ 400 milhões em IPTU e de R$ 240 milhões de ISS. O hipódromo contesta os valores. O local também é cobiçado pelo mercado imobiliário, devido ao seu tamanho e localização.

Perillo presta serviços de consultoria para a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), do empresário Benjamin Steinbruch, que é também presidente do Jockey. O próprio tucano é conselheiro do clube.

Em 2023, Perillo reuniu-se com membros da Prefeitura de São Paulo em diferentes ocasiões, inclusive com o próprio Nunes e na companhia de Steinbruch, para tratar do imbróglio relacionado ao local.

Segundo envolvidos, alguns dos encontros foram tensos, pois o emedebista considerou as propostas dos representantes do Jockey desfavoráveis para o município.

Enquanto atua pelos interesses do Jockey, Perillo comanda o PSDB, que tem tentado definir seu posicionamento na eleição de 2024 na capital. Nunes busca o apoio dos tucanos e tenta evitar que o partido se coligue com Tabata Amaral (PSDB) ou lance nome próprio.

Como mostrou o Painel, Perillo conversou recentemente com o ex-presidente Michel Temer (MDB), cabo eleitoral de Nunes, e disse que o prefeito não deveria ir ao ato de Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista caso quisesse o apoio do partido. Afirmou ainda que o PSDB gostaria de indicar um nome para a vice da chapa.

Perillo nega ter tratado do tema com Temer, que, por sua vez, diz que as ponderações na conversa foram feitas para serem analisadas com o tempo.

Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e presidente do PSDB, durante convenção nacional do partido
Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e presidente do PSDB, durante convenção nacional do partido - Pedro Ladeira-9.dez.2017/Folhapress

Outro lado

Em nota, o presidente tucano diz que nunca participou "de reuniões em que o apoio do PSDB a qualquer candidato a prefeito da cidade de São Paulo tenha sido discutido".

Ele afirma que quem o acusa de conflito de interesses "precisa provar, em primeiro lugar, que algum dia eu participei de alguma negociação sobre apoio partidário a quem quer que seja para a eleição deste ano em São Paulo. E, em segundo lugar, que uma coisa foi condicionada a outra".

Perillo afirma que suas atividades profissionais "não estão, nunca estiveram e jamais estarão vinculadas" às suas atividades políticas ou partidárias.

"Sobre alianças, reafirmo aqui o que tenho dito desde que assumi a presidência nacional do partido: São Paulo que resolva São Paulo", conclui Perillo.

Em nota, Nunes afirma que não sofre pressão do ex-governador, "até porque jamais aceitaria qualquer pressão de quem quer que seja". O prefeito diz que Perillo "representa com dignidade o PSDB, que, historicamente, sempre foi contra a esquerda no estado e na cidade de São Paulo."

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