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Governo de MG vê falta de sensibilidade de gestão Lula em negociação por Mariana

Vice-governador Mateus Simões diz que governo prioriza disputa com a Vale; AGU afirma que declarações revelam 'absoluto desconhecimento'

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O governo de Minas Gerais diz que a gestão Lula não se empenha nas negociações para a indenização do desastre de Mariana e dá mais atenção a uma briga com a Vale, responsável pela tragédia, ocorrida em 2015.

Vista aérea de região afetada pelo deslizamento de lama em Mariana (MG) - Pedro Ladeira/Folhapress

"Há uma falta de sensibilização do governo federal, que parece estar mais preocupado com a sua disputa com a Vale. Talvez isso aconteça porque não tem mais gente atualmente chorando na região afetada", diz o vice-governador de Minas, Professor Mateus (Novo).

O rompimento de uma barragem da empresa Samarco, joint-venture da Vale e da anglo-australiana BHP Billiton, deixou 19 mortos e provocou um desastre ambiental. A lama escorreu pelo rio Doce e chegou até sua foz, no Espírito Santo, afetando populações inteiras e o ecossistema da região.

Negociações para compensação, envolvendo a União e os dois estados afetados se arrastam há nove anos. O tempo já decorrido, diz Mateus, contribui para esfriar o senso de urgência para uma solução.

"Mariana é um desastre do Rio Grande do Sul com nove anos de idade. Por isso que eu digo para o Eduardo Leite [governador gaúcho]: consiga agora os recursos que você precisa, porque depois vão esquecer", afirma o vice mineiro, responsável pelas negociações em nome do governador Romeu Zema (Novo).

A divergência com o governo federal tem o volume de recursos como pano de fundo. No final de abril, a Vale apresentou proposta de R$ 90 bilhões em novos recursos (R$ 72 bilhões em dinheiro e R$ 18 bilhões em obras).

A oferta é maior do que a anterior, de R$ 42 bilhões, que havia sido rejeitada pelos entes federados. Já a União fala em uma cifra pouco maior do que R$ 100 bilhões.

"Estamos a 10% de um acordo, mas o governo federal parece que não quer mais negociar. Nessa briga deles com a Vale, a gente aqui se sente um pouco como o marisco que fica entre o rochedo e o mar", afirma Simões.

Ele também reclama de a União ter ajuizado uma ação na Justiça Federal no dia 7 de maio para que as mineradoras paguem R$ 80 bilhões como reparação pela tragédia.

"Estão trocando R$ 90 bilhões de um acordo para todos, para ser investido na calha do rio Doce, por R$ 80 bilhões apenas para a União, sem que haja esse compromisso", afirma.

Mateus afirma ainda que a recusa do governo Lula de fechar um acordo acaba prejudicando os estados. "Sem a União entrar, a gente só vai conseguir vitórias parciais"

O vice, homem forte da gestão Zema e possível candidato ao governo em 2026, não vê comprometimento por parte do governo federal. "Nenhum dos ministros vai nas reuniões, é sempre o décimo quinto escalão que é mandado".

Outro lado

Em nota, a Advocacia-Geral da União afirma que as declarações do vice-governador de Minas evidenciam "seu absoluto desconhecimento do tema".

"A União tem sistematicamente defendido, tanto no âmbito judicial quanto nas tratativas de repactuação, que os recursos pagos pelas mineradoras responsáveis pelo desastre sejam utilizados única e exclusivamente na reparação ambiental e socioeconômica das localidades e famílias afetadas pelo rompimento da barragem", diz o texto, assinado por Júnior Fideles, adjunto do advogado-geral da União, Jorge Messias.

A AGU afirma que Minas Gerais também apresentou petição à Justiça cobrando das mineradoras pagamento de indenização.

Segundo o órgão do governo federal, as ações de reparação demandam recursos em valor condizente com os impactos da tragédia, algo a que as empresas até o momento não têm se mostrado dispostas a fazer.

"A União entende que o momento é de buscar uma solução efetiva e definitiva para o problema e não de aproveitar a tragédia para fazer declarações com o objetivo de, pura e simplesmente, gerar desinformação interessada e colher dividendos políticos às custas do sofrimento da população atingida", diz a AGU.

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