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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Descrição de chapéu PL Antiaborto por Estupro

Médicos dizem que versão citada por autor de PL antiaborto em projeto é mentirosa

Sóstenes Cavalcante relata caso de uma menina capixaba estuprada; envolvidos contestam versão

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Dois médicos citados pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) na justificativa que acompanha o PL do Antiaborto por Estupro dizem que o parlamentar apresentou uma versão fantasiosa para um caso rumoroso de aborto em uma menina capixaba estuprada, em 2020.

Na época, a garota de 10 anos de idade teve o procedimento cirúrgico no seu estado negado, e foi transferida para Recife (PE), onde ele foi realizado.

Segundo o relato de Cavalcante usado como exemplo para justificar o projeto, o aborto em Pernambuco teria sido negado pela equipe de plantão do Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam), e acabou sendo feito diretamente pelo diretor da unidade, Olímpio Barbosa de Moraes Filho.

Um homem vestindo óculos e traje formal, com uma expressão séria e gestos expressivos, faz um discurso.
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) durante sessão na Câmara - Fabio Rodrigues Pozzebom-6.nov.2018/Agência Brasil

"Para a surpresa dos que haviam organizado a transferência, os médicos dos diversos plantões do serviço de aborto do Cisam também se recusaram a realizar o procedimento, devido ao estado avançado da gravidez", diz o parlamentar. A garota estava grávida de 23 semanas.

Ainda segundo essa versão, "o dr. Olímpio de Moraes, então, dirigiu-se pessoalmente ao Cisam e, tomando a si a menina para exame, aplicou uma injeção de cloreto de potássio no coração do nascituro, causando-lhe morte instantânea por assistolia".

"Em seguida, disse aos colegas: ‘O concepto já está morto. Não há mais o que discutir. Podem realizar o aborto’", acrescenta o parlamentar.

Duas ativistas engajadas em uma manifestação. Uma das faixas diz que criança não pode ser mãe. Elas estão ao ar livre, com expressões sérias e determinadas, usando máscaras de proteção
Militantes pró-direitos das mulheres protestam diante do STF após episódio envolvendo aborto de menina de 10 anos estuprada pelo tio e acossada por militantes religiosos - Pedro Ladeira-20.ago.20/Folhapress

Em contato com o Painel, o médico afirma que versão é mentirosa, e que o aborto foi feito pela equipe do hospital. "Não fui eu que fiz o procedimento, foram os plantonistas. E não houve resistência da equipe", disse.

Ele também afirma que nunca disse a frase citada. "Eu era diretor da maternidade, não plantonista, e não faço procedimentos. Cuido da gestão do hospital".

Também citado pelo deputado, o então secretário de saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, que negociou a transferência da criança, também contesta a versão. Ele diz que não foi providenciado um jato particular para fazer a viagem, como dito por Cavalcante, mas um avião de carreira.

Procurado pelo Painel, o deputado não se manifestou até a publicação deste texto.

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