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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Escalada de Bolsonaro coloca economia em risco, dizem empresários

Setor privado avalia que postura do presidente compromete reformas e a confiança

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São Paulo

A escalada de Bolsonaro assusta empresários, altos executivos e representantes do setor privado, que elevaram as críticas ao presidente nesta quinta-feira (5) com receio de descontrole e crise institucional.

"Os repetidos ataques do presidente à democracia e suas instituições vão acabar colocando em risco a recuperação econômica. O país precisa urgentemente de trabalho e serenidade", afirma o banqueiro Ricardo Lacerda, sócio-fundador do BR Partners.

O empresário Horacio Lafer Piva afirma que Bolsonaro tem exagerado consistentemente, e a sociedade está percebendo quem ele é e se posicionando. “É tão desastrado que errou na dose, no teste que fez quanto à resiliência de todos. Há um limite à capacidade de não se indignar”, diz.

O investidor Lawrence Pih vê as instituições democráticas sob risco. “Uma crise institucional sem precendentes recentes está em estágio embrionário. Bolsonaro está construindo uma retórica pré-golpe de estado. Se a sociedade não reagir com veemência e força, à altura do desafio que o presidente lança contra o povo, estaremos caminhando para uma ditadura bem pior do que 1964”, afirma.

Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da RaiaDrogasil, um dos participantes do manifesto de apoio ao sistema eleitoral assinado por outros grandes empresários, banqueiros, intelectuais e representantes da sociedade civil, diz que é um signatário convicto, diante do "quadro de polarização míope, potencializado por redes sociais".

Rosangela Lyra, empresária fundadora do Instituto Política Viva, também assinou o manifesto. "Estamos atentos e não permitiremos o uso de manobras antidemocráticas nem ameaças às eleições", diz ela. ​

José Ricardo Roriz, vice-presidente da Fiesp e presidente da Abiplast (associação do setor de plásticos) diz que, hoje, a agenda tem de ser vacina, volta da economia e conclusão das reformas, mas Bolsonaro insiste em desvirtuar o rumo.

"Se não tomar as ações necessárias para a economia voltar de uma maneira consistente, cada vez que se tem esse afastamento da agenda adequada, se atrasa investimento, geração de emprego, confiança dos empresários e das famílias", diz Roriz.

José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação de comércio exterior), alerta para a insegurança jurídica e diz que é difícil explicar o cenário aos empresários estrangeiros com quem a entidade mantém contato. “Estão acompanhando e querem saber mais, mas não conseguimos dar a informação completa”, afirma ele.

Fernando Pimentel, presidente da Abit (que reúne a indústria têxtil), acha que está na hora de pacificar o tema. “Como associação, só queremos um ambiente equilibrado para poder produzir, gerar emprego e renda. Eu espero que essa escalada não vá longe”, diz.

Enquanto isso, o empresário bolsonarista Luciano Hang, que já apareceu em rede social insinuando candidatura ao Senado, foi às redes nesta quarta (4) para criticar o manifesto pelas eleições. Segundo ele, a “extrema imprensa” não foi ouvir “os outros 200 milhões que querem que as eleições sejam auditáveis”.

Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, também publicou vídeo em apoio às manifestações pró-voto impresso que aconteceram no último final de semana.

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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