Às vésperas das manifestações bolsonaristas do dia 7 de Setembro, algumas vozes no mercado financeiro discutem se a perspectiva do que pode acontecer nos eventos já pode estar contaminando o cenário.
A Bolsa de Valores fechou com queda de 2,28% nesta quinta (2), um dia em que o mercado amargava a votação da reforma do Imposto de Renda na Câmara e ainda digeria a frustração com o crescimento econômico na véspera.
Os atos podem ter dois desfechos preocupantes no contexto atual de crise institucional, avalia André Perfeito, economista-chefe da Necton.
“Se for uma manifestação volumosa, Bolsonaro pode se sentir mais à vontade para se radicalizar. Por outro lado, se for esvaziada, ele pode ficar mais agressivo. Não tem como distensionar. Esse sentimento vai continuar no limite”, afirma Perfeito.
Ele afirma que a reforma do Imposto de Renda foi uma questão que o Ministério da Economia apresentou em julho, mas não conseguiu administrar politicamente. "Pegou o mercado de surpresa. É um dos sinais desse esgarçamento, que tende a ser exacerbado com o dia 7 de Setembro”, diz.
Para Erminio Lucci, presidente da corretora BGC Liquidez, não são só as manifestações de 7 de Setembro as responsáveis pelo derretimento dos mercados.
Ele afirma que o mau humor deriva de outros fatores, como o alto risco político, já que os Poderes ainda não mostram sinal de entendimento, além do conturbado plano fiscal e o risco de apagão, diante da crise hídrica deste segundo semestre. O PIB já veio abaixo do esperado, sinalizando que o cenário interno gera retração no consumo das famílias e nos investimentos, diz Lucci.
Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, "Bolsonaro já foi muito além dos pragmáticos limites que o mercado teria imaginado".
Nesta quinta-feira (2), Jair Bolsonaro disse que o Brasil está em paz e que ninguém precisa temer as manifestações do 7 de Setembro.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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