O treino de tiro que a Marinha vai realizar nesta semana no arquipélago dos Alcatrazes, paraíso ecológico no litoral norte de São Paulo conhecido como Galápagos brasileira, deve atrapalhar negócios turísticos em um momento sensível do reaquecimento após o baque das restrições da pandemia no setor, segundo empresários locais.
O treinamento militar acontece a poucos dias da abertura da temporada de mergulho, que começa em dezembro, segundo João Alfredo Andreoli, dono da empresa de turismo náutico Universo Marinho.
"A procura de visitantes caiu muito por causa da Covid. E agora, com o verão chegando, é uma época propícia para os passeios. Não precisariam sair dando tiro em lugar turístico perto de ninhal de fragata", diz Andreoli.
Os tiros atingem apenas um trecho do arquipélago, a ilha da Sapata, distante do ponto principal, mas é preciso fechar as unidades de conservação durante a atividade, segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo credenciamento das empresas turísticas que podem operar no arquipélago.
"Durante esses dois dias, não serão permitidas visitas às unidades de conservação do ICMBio devido à movimentação das aves com o barulho dos tiros. Em contrapartida, os treinamentos são permitidos apenas nesse período, pois não há ninhos nos locais, o que reduz a possibilidade de morte dos filhotes das espécies", diz o ICMBio em nota.
O órgão afirma que a ilha da Sapata não pertence ao refúgio nem à estação ecológica, mas ambientalistas dizem que os tiros podem atingir animais em trânsito pelas ilhas e o barulho espanta os pássaros da região, que abriga o maior ninhal de aves fragata marinha do Atlântico Sul.
Procurada pelo Painel S.A., a Marinha não respondeu.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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