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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus

Manobra dos donos da JBS para rediscutir multa bilionária fracassa

Conselho do Ministério Público Federal forma maioria para rejeitar pedido da J&F

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São Paulo

Fracassou a tentativa dos controladores da JBS de construir com a cúpula do Ministério Público Federal um caminho para rediscutir a multa bilionária que concordaram em pagar na época em que os irmãos Joesley e Wesley Batista fizeram seu acordo de delação premiada, em 2017.

Em julgamento iniciado nesta terça-feira (14), o Conselho Institucional do MPF formou maioria para rejeitar um pedido apresentado pela J&F Investimentos para que a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público fosse definida como instância adequada para rever a multa.

O julgamento foi suspenso por causa de um pedido de vista da subprocuradora-geral da República Ela Wiecko de Castilho, que pediu esclarecimentos sobre o acordo de leniência assinado pela J&F há cinco anos, que prevê pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões num prazo de 25 anos.

Dois homens jovens, de terno escuro e camisa branca, caminhando por uma passagem na garagem de um prédio. São vistos à distância, um na frente do outro, que vem logo atrás. Há uma pilastra com placas de orientação para que motoristas reduzam a velocidade e acendam os faróis.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista ao deixar prédio da Justiça Federal após uma audiência. - Marcelo Justo - 4.abr.2018/Folhapress

A J&F recorreu à Justiça para não pagar uma parcela de R$ 344 milhões, que venceu no início deste mês. A Justiça Federal do Distrito Federal determinou que o pagamento fosse feito em juízo, mas a empresa conseguiu reverter a decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Os donos da JBS querem reduzir a multa do acordo de leniência para R$ 1,3 bilhão, alegando que o Ministério Público adotou critérios arbitrários para calculá-la e argumentando que a empresa só concordou com o valor porque estava sob pressão de bancos e parceiros comerciais e da opinião pública.

A 5ª Câmara de Coordenação, que homologou o acordo assinado em 2017, rejeitou os pedidos de revisão apresentados pela empresa, argumentando que o assunto deve ser tratado na primeira instância com a Procuradoria da República no Distrito Federal, que assinou o acordo de leniência.

Dos 21 integrantes do Conselho Institucional, 12 votaram contra o pedido da J&F nesta terça. Nenhum se manifestou a favor da empresa. Quatro conselheiros disseram que vão aguardar o voto de Ela Wiecko para se pronunciar. Outros quatro integrantes do colegiado estavam ausentes.

A subprocuradora Julieta Elizabeth Fajardo Cavalcanti de Albuquerque, que atuou como relatora do processo, disse que a empresa recorreu a um "inventivo artifício ventilado de algibeira sem qualquer respaldo, ao arrepio da ordem legal", para rediscutir a multa bilionária.

Lembrando que a J&F foi beneficiada pelo acordo de leniência, que garantiu punições mais brandas para crimes reconhecidos pelos irmãos Batista, ela afirmou que a empresa tentou "mudar as regras do jogo depois de iniciada a partida", numa tentativa de "se beneficiar da própria torpeza".

O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira, que representou a J&F no julgamento, indicou que a empresa aceita a transferência do processo para a primeira instância se seu pedido for rejeitado. Procurada, a assessoria de imprensa da J&F não se manifestou.

Com Ricardo Balthazar (interino), Andressa Motter e Ana Paula Branco​.

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