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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Se Lula chegar, vou bater palmas, diz irmã de ex-ministro de Bolsonaro

Em campanha pelo ensino a distância, representante das universidades privadas quer políticas mais justas e fiscalização de polos de ensino

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São Paulo

A educadora Elizabeth Guedes, irmã do ex-ministro Paulo Guedes (Economia), surpreendeu assessores do MEC ao disputar espaço entre fãs para tirar fotos com o presidente Lula na Conferência Nacional de Educação (Conae), em 30 de janeiro.

Ferrenha crítica das gestões PT, que em eventos anteriores não demonstrava entusiasmo, ela aplaudiu o discurso do mandatário e, ao fim, saiu sorridente com sua imagem no celular. À Folha ela nega que "Lulou" e cobra mudanças no ensino a distância.

Mulher está sentada, com as mãos entrelaçadas e falando ao microfone. Ela usa óculos. Outras pessoas estão sentadas próximas
Elizabeth Guedes, presidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares) durante audiência no Senado - Marcos Oliveira - 23.ago.17/Agência Senado

Assessores do MEC afirmam [e vídeos mostram] que a senhora tietou o presidente Lula na Conae. Mudou de opinião sobre ele?
Não importa se eu votei nele ou não. O Brasil tem um presidente que se chama Lula. Sou uma brasileira, trabalho pelo Brasil, represento um setor importante da educação, sou delegada na Conae. Se o presidente entrar, eu vou bater palmas para ele, sim. Eu não posso dizer ‘não vou bater palmas porque, teoricamente, eu não votei no Lula’.

Como avalia a gestão do ministro Camilo Santana no MEC?
Sigo a favor e contra nas mesmas coisas que fui no governo passado.

Quais?
O ministério tem muita vontade de regulamentar tudo, mas tem braço para regular quase nada.

A senhora se refere ao ensino a distância?
Também. Boas alterações foram feitas para racionalizar os processos e diminuir a burocracia depois do impeachment da Dilma Rousseff. Mas a alteração feita em relação ao EAD se revelou catastrófica.

Como assim?
Escolas com nota 3 na avaliação do Inep [Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais] passaram a ter o direito de abrir 50 polos [de EAD] todo ano. Quem tem nota 4, 150 polos; quem tem nota 5, até 250. Como não havia a possibilidade de o MEC visitar todos os polos, aqueles que estavam parados, com pedido de autorização há anos e sem receber visitas técnicas, se transformaram em bônus regulatórios. Hoje, [para ter um polo] só precisa estar credenciada para a EAD e oferecer esse curso presencial como contrapartida. Se você pegar um geolocalizador, encontra polo em funerária, no meio da rua.

As empresas abertas, de três em três meses, publicam quanto ganharam, quanto perderam de aluno, qual é o custo médio. Mas há empresas [de capital fechado] com 500 mil alunos de EAD que sequer publicam balanço. Você não tem a menor noção do que está acontecendo. Tem empresa que vive tirando notas 1 e 2 e o MEC não faz nada. [Para essas] Deveria existir um período de supervisão. Não melhorou a nota? Descredencia e fecha o polo. O MEC deveria incentivar a universidade com nota 3 a subir [de pontuação].

O ministro vem de um estado com bons índices na educação. Isso ajuda?
O MEC tem nos chamado para conversar. O problema é que o MEC ouve todo mundo, mas só faz o que quer. Esse não é um problema dessa gestão, mas de todas as outras.

Ele [Camilo] quer acabar com esses cursos 100% a distância.
O ministro é uma pessoa bem intencionada, mudou a realidade do estado dele [na educação] e quer fazer a mesma coisa no MEC. Mas está mal assessorado [nessa área], pois não existem cursos 100% a distância. Há cursos em mais de 2.700 municípios no Brasil. Em pouco mais de 700 existe oferta presencial.

Todo mundo diz que não pode ter curso digital na área da saúde, por exemplo, e nós concordamos. A questão é que não existe um aluno do curso da área da saúde que fique 100% do curso a distância, ele passa mais de 50% do tempo em atividades presenciais no polo. Por isso o polo precisa ser visitado.

Quando eles impedirem a oferta de curso a distância, eles vão impedir que meninos e meninas do interior do Brasil estudem, porque a grande maioria dos cursos estão fora da capital. E isso sem trazer nenhuma melhoria de qualidade, que é o que importa. Empresários só conhecem uma conversa e um argumento, que é o bolso. Multa, descredencia, fecha, impede a oferta de má qualidade e incentiva a grande maioria dos empreendedores privados que trabalham com notas 3, 4, 5.


Raio-X | Elizabeth Guedes

Formada em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez carreira no serviço público federal e, depois, tornou-se executiva na área de educação. Hoje milita em favor de grupos privados, como Cogna, Unip e Uninove. Desde 2022, faz parte do CNE (Conselho Nacional de Educação)

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