A indústria brasileira de arcos de violino, violoncelo e contrabaixo praticamente fechou as portas, em 2018, com a proibição, pelo governo, do uso de pau-brasil, madeira de uma árvore sob risco de extinção, em sua fabricação.
Havia naquela época, cerca de 30 pequenas empresas (chamadas luthierias), a maioria no Espírito Santo, produzindo 8 mil arcos por ano. A produção só era feita com árvores já derrubadas e, mesmo assim, esse grupo plantou mais de 500 mil árvores como forma de garantir o manejo.
No entanto, hoje, seis anos após a proibição, é possível comprar arcos de pau-brasil em sites do varejo eletrônico. Os chamados pernambuco wood seguem à venda em sites como AliExpress. Custam, em média, R$ 1.000.
Por isso, a Anafima (Associação Brasileira da Indústria da Música) decidiu pedir a revisão da Cites (Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas) na próxima COP, que ocorre em 2025 em Belém (PA).
A proposta é que o pau-brasil saia do Apêndice 2 (categoria de proteção intermediária) para o Apêndice 1 (o mais rigoroso).
A entidade considera que, só assim, outros países poderão sofrer restrições no comércio dessa madeira que só possui qualidades sonoras quando produzida no Brasil.
Em defesa de sua posição, a Anafima informa ter testemunhado em uma feira na China "uma cena desanimadora": dezenas de estandes vendendo arcos e toras de pau-brasil.
"Testemunhar tal desrespeito flagrante pelas restrições e regulamentações que nos esforçamos para impor no Brasil é profundamente perturbador", disse a Anafima em nota.
"A percepção de que a madeira brasileira está sendo contrabandeada além da China para compradores europeus agrava essa preocupação."
Com Diego Felix
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