A preocupação de empresas e instituições públicas e privadas no mundo em relação a questões ambientais, sociais e de governança tem crescido de maneira expressiva. Essa demanda é representada pela sigla ESG (práticas ambientais, sociais e de governança, em inglês).
No Brasil, esse interesse tem se intensificado. De acordo com reportagens publicadas na imprensa, a busca pelo termo ESG no país triplicou nos últimos 12 meses e somos uma das 25 nações que mais pesquisaram sobre a temática no período, segundo levantamento do Google Trends.
A pauta ESG se consolida como caminho que as empresas têm escolhido para gerar valor para os negócios e stakeholders. Há uma crise global humanitária em curso que traz impactos para todos os cenários e, nesse sentido, questões sociais se impõem e é tarefa do conjunto do tecido social priorizar e realizar ações que promovam o bem-estar social.
Na Fundação Dom Cabral (FDC), a preocupação com o tema é crescente, especialmente em relação às questões sociais, que representam o foco da atuação do Centro Social Cardeal Dom Serafim, criado em 2020.
O Centro acredita que as ações sociais têm amplo potencial para acelerar o desenvolvimento da sociedade brasileira e vem priorizando projetos que gerem impacto em seus três segmentos de atuação –empreendedores populares, organizações sociais e jovens em situação de vulnerabilidade– com o desenvolvimento de iniciativas que promovam capacitação, autonomia, dignidade e prosperidade por meio da educação.
Entendemos que, pensando em resultados de longo prazo, é preciso priorizar a educação. Esta foi a escolha da FDC há mais de 45 anos. Do ponto de vista coletivo, a educação é o elemento que possibilita a uma nação se desenvolver.
E, nesse quesito, o Brasil caminha muito mal. Segundo dados de pesquisa realizada pelo Unicef e Cenpec Educação, em 2020, mais de dois milhões de crianças com idade entre 6 e 10 anos não tiveram acesso à educação no país. No total, mais de cinco milhões de crianças e adolescentes não tiveram acesso a esse direito fundamental.
Pesquisas comprovam que a dificuldade no acesso à educação gera desigualdade. Segundo a Oxfam Brasil, se há barreiras no acesso à educação, há aumento do desemprego e da discriminação. E sem ensino de qualidade, torna-se muito mais difícil a inserção no mercado de trabalho.
Não há dúvidas sobre o papel da educação e nem em relação às ações sociais que estão diretamente relacionadas às iniciativas de responsabilidade social das empresas e ao impacto delas em prol das comunidades e da sociedade.
A FDC vem ampliando seu olhar de atuação, até então focado na educação de executivos e de lideranças empresariais, e estendendo sua visão para propostas de soluções de problemas sociais, atuando para contribuir com uma crescente e irreversível mudança de postura das lideranças e de apoio às iniciativas nesse âmbito.
Temos a convicção de que contribuições para a solução de questões sociais devem fazer parte da estratégia de negócio de empresas, que não devem se restringir à geração de lucro, renda e emprego, mas também se inserir no incentivo ao bem-estar social.
Nesse contexto, a experiência da governança colaborativa é proveitosa. O conceito refere-se, em linhas gerais, a um modelo que considera a organização conjunta, envolvendo vários atores, como a empresa e a sociedade civil, para buscar soluções para problemas desafiadores, como os que temos enfrentado.
Para finalizar, considerando-se o desafiador cenário da pandemia, cabem algumas indagações: o que aprendemos nesse tempo? Como seria se as empresas se associassem à sociedade civil e se articulassem com os governos para priorizar a educação?
Como seria se tivéssemos uma vigorosa mobilização para impulsionar iniciativas de lideranças sociais comprometidas com o progresso social? Afinal, não temos tempo a perder.
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