Papo de Responsa

Espaço de debate para temas emergentes da agenda socioambiental

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Papo de Responsa

Habilidades interpessoais são fundamentais para empreendedores de impacto

Neste setor, tudo parte de pessoas para pessoas, feito por pessoas e com pessoas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Marcus Nakagawa

Professor e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental, autor premiado com o Jabuti 2019, palestrante e idealizador da Abraps e do Dias Mais Sustentáveis.

Há alguns meses, tive a oportunidade de conhecer alguns novos empreendedores de impacto social e ambiental por meio do curso que ministrei. Sempre que me reúno com estas pessoas fico curioso para entender as dores que os levaram a dedicar parte da sua vida para melhorar a vida de outras pessoas e do planeta.

Esta curiosidade tem me acompanhado nestas últimas quase três décadas em que estudo e trabalho com a temática. Busco entender o padrão descrito por pesquisadores.

 médico gastroenterologista Roberto Kikawa, morto durante assalto em 2018, criou programa de carretas da saúde
O médico gastroenterologista Roberto Kikawa, morto durante assalto em 2018, criou programa de carretas da saúde - Divulgação

Bill Drayton, fundador da Ashoka, foi quem cunhou o termo "empreendedor social". Na sua definição, seria "pessoa que aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferente".

Ele ainda o descreve como um ser inquieto: "ao invés de deixar as necessidades da sociedade só para o governo ou a iniciativa privada, os empreendedores sociais identificam o que não está funcionando e buscam colocar em ação soluções para os problemas da sociedade".

E, além de tudo, isso vira uma referência, pois "por meio de sua atuação, o empreendedor social acelera o processo de mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de uma causa comum".

Sempre falo que precisamos de heróis sem capas, máscaras, sem superpoderes, que tragam para a vida real soluções pragmáticas e transformações sociais escaláveis para melhorar a qualidade de vida e o meio ambiente.

O Prêmio Empreendedor Social da Folha e da Fundação Schwab é um portfólio de pessoas que buscam este tipo de transformação. Bom para quem quer se inspirar, "não inventar a roda" e melhorar as "rodas" já existentes.

Desde 2005, o prêmio traz histórias como a do médico Roberto Kikawa e o projeto Cies, que tive a honra de trabalhar durante um tempo, levando saúde e tecnologia de ponta para quem não tinha acesso.

O projeto virou política pública e vem melhorando o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 3, de saúde e bem-estar, para a população de bairros periféricos da cidade de São Paulo.

Na convivência com o doutor Roberto, ele sempre contava a história do pai, que pedia para ele ser um médico que gostasse de pessoas, que fizesse um atendimento humanizado. E é neste ponto que posso dizer que existe um padrão nestes empreendedores sociais e ambientais.

Acho difícil alguém virar empreendedor de impacto sem gostar de pessoas, sem trabalhar pelas pessoas ou pensar nas pessoas.

Mesmo que o foco seja ambiental, este empreendedor ou empreendedora terá que lidar, mobilizar e conviver com gente que também batalha pelo impacto social positivo. As relações interpessoais são fundamentais, pois muitas vezes terá que lidar com pessoas diferentes ou com pensamentos antagônicos —o que pode ser um processo complicado.

O empreendedor de impacto precisa desta competência socioemocional para ser um bom gestor, negociador, captador, implementador e conseguir buscar sua missão.

Lidar com pessoas não é fácil e no mundo da administração existem algumas áreas de estudos só para isso, com base em antropologia, sociologia, filosofia e psicologia.

Um dos pontos convergentes com este tema é que, dentro da Agenda 2030 da ONU, que traz os 17 ODS, a premissa é que se utilize os "5 P's": pessoa, planeta, prosperidade, parcerias e paz. O tripé da sustentabilidade, criado por John Elkington, também cita pessoas, planeta e prosperidade.

Focar em pessoas parece ser um dos mantras do empreendedor de impacto. Tudo parte de pessoas para pessoas, feito por pessoas e com pessoas. E o seu empreendimento social, está preocupado com pessoas?

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.