Papo de Responsa

Espaço de debate para temas emergentes da agenda socioambiental

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Papo de Responsa

Afroturismo se consolida como prioridade para o setor no Brasil

Encontro em Brasília propôs estratégias para consolidar o país como destino global para a valorização da memória e cultura negras

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Antonio Pita

Diretor de operações e co-fundador da Diaspora.Black, foi vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2022

O Brasil vive uma oportunidade histórica única para dar protagonismo à memória e ao legado afro-brasileiro na formação da nossa sociedade e cultura.

O turismo é um vetor importante para consolidar uma nova narrativa de forma lúdica e com alto impacto social e o setor, enfim, começa a enxergar a importância desse movimento para o país.

Nesse sentido, o afroturismo deu um passo importante para ganhar prioridade na construção de políticas públicas para seu desenvolvimento.

Estátua em homenagem a Mercedes Baptista, na Pequena África, no centro do Rio de Janeiro - Renato Stockler/Folhapress

O "Encontro Consolidação e Promoção do Afroturismo no Brasil" foi um divisor de águas para a construção desse futuro que sonhamos. O evento, no dia 31 de agosto, em Brasília, foi promovido por Ministério do Turismo, Ministério da Igualdade Racial e Embratur em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Diaspora.Black.

Participaram empreendedores com produtos turísticos já disponíveis e lideranças do segmento de todas as regiões do país, que compartilharam suas experiências, visões e demandas para a consolidação do segmento em benefício do conjunto de empreendedores e iniciativas do setor.

Também participaram representações de agentes públicos, como diferentes ministérios, secretarias estaduais e municipais de cultura e turismo. Entre eles, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou o protagonismo do afroturismo para a promoção do crescimento do turismo em todo o Brasil e no exterior.

Para ele, o segmento é "eixo central da estratégia" da Embratur, pelo seu potencial de geração de negócio, emprego e renda para empreendedores negros.

Os participantes discutiram estratégias para consolidar o Brasil como destino global para a valorização da memória e cultura negra, propondo critérios para mapeamento das iniciativas em todo o território e apontando oportunidades para qualificação, promoção e comercialização dos produtos existentes.

Após as discussões colaborativas, as instituições apontaram compromissos e ações que poderiam assumir em seus planejamentos, como a criação de uma cartilha de protocolos antirracistas para o atendimento ao turista, proposta pela coordenadora do Ministério do Turismo, Ana Modesto.

Seria "uma forma de reparação histórica", como destacou Isadora Bispo, coordenadora geral de Articulação Interfederativa do Ministério da Igualdade Racial.

A fala e o protagonismo dos empreendedores e das lideranças foi o ponto central da metodologia do encontro, para permitir que as instituições compreendam o potencial do segmento nos próximos anos, como destacou Tânia Neres, coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur.

Representações pioneiras do segmento também marcaram presença, como Solange Barbosa, fundadora da Rota da Liberdade, em São Paulo, e Helcias Pereira, precursor do turismo no Quilombo de Palmares, em Alagoas.

Os representantes foram definidos pelo conjunto de organizações realizadoras, sob liderança do Ministério do Turismo, para atender à diversidade de atuações do segmento.

Raimundo Nascimento, líder do Quilombo África, no Pará, destacou a importância do encontro. Em 20 anos de atividades, foi a primeira vez que o Estado brasileiro chamou as iniciativas para dialogar.

Ele enfatizou que o turismo quase sempre é planejado e controlado por pessoas brancas e grandes empresas que deixam de lado a comunidade negra fazedora de cultura e identidade no país. Por isso, diz, os recursos são escassos. Sua expectativa é a de que, agora, o Estado possa tirar do papel as ideias apresentadas no encontro.

As contribuições sugeridas durante o evento serão sistematizadas e compartilhadas com o Ministério do Turismo e com o BID, anfitrião do evento, em Brasília.

O encontro foi conduzido pela Diaspora.Black, que articulou entre as instituições realizadoras a oportunidade de diálogo com o coletivo de empreendedores. E deixou evidente o princípio ainda urgente em nossa sociedade: "nada sobre nós, sem nós", como resumiu Carlos Humberto, CEO da startup.

O protagonismo dos empreendedores do segmento para esse encontro e para as futuras construções de políticas públicas foi a principal bandeira da Diaspora.Black.

Afinal, a força que o segmento tem alcançado nacionalmente não é medida pela atuação individual das organizações, mas pela atuação estratégica do coletivo que evidencia a diversidade e complementaridade da oferta de produtos e serviços competitivos ao mercado.

E, isso, temos de sobra. Com a valorização dos ativos da cultura negra no setor, toda a sociedade ganha ao reconhecer nosso patrimônio e herança cultural como parte da nossa identidade nacional.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.