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Carnaval de Salvador é o maior do mundo e o que mais recicla

Uma das capitais mais desiguais e pobres do país se torna exemplo de coleta de resíduos justa e inclusiva

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Saville Alves

Sócia-fundadora da Solos, startup de impacto finalista do Prêmio Empreendedor Social 2023 que apoia territórios e marcas em seus desafios relacionados à economia circular

Lixo e pobreza sempre foram gêmeos siameses e, não por acaso, aqui em Salvador (BA), a gestão de resíduos é um grande desafio.

Eleita em 2024 como Melhor Destino Criativo do Mundo, a capital baiana é reconhecida por sua rica cultura e tem um dos centros históricos mais belos. Berço dos principais cantores e compositores do país, faz-se conhecida por suas danças e sabores.

A terra do dendê, em suas contradições, também é uma das mais desiguais e pobres. Segundo a PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE) de 2021, 36% da população vive na pobreza.

Startup Solos desenvolveu projeto de reciclagem com cooperativas de catadores no Carnaval 2024 em Salvador (BA) - Folhapress/Renato Stockler

Na época de um dos melhores carnavais da minha vida, reflito: mal sabiam que a data criada na antiguidade para comemorar a colheita da primavera encontraria na capital baiana a expressão de seu significado mais verdadeiro. O Carnaval é nossa maior manifestação.

Para fazer acontecer toda a festividade nas ruas, além do povo, da música e de tudo que causa exaltação, é preciso também de uma organização de parâmetros diversos. Entre eles, o destino dos resíduos.

Diante desse desafio, desde 2020, tenho liderado na Solos a operação das Centrais de Reciclagem de Salvador, junto com a Ambev, a Prefeitura Municipal e cooperativas. Hoje, ela é, de longe, a maior operação de coleta de recicláveis em um evento.

Rio de Janeiro entrou no Guiness Book com apenas 7 toneladas. Cada resíduo importa, mas vale reconhecer também o que é mais relevante. Nossos números da coleta de Iemanjá e do Carnaval deste ano em Salvador são impressionantes.

Foram 140 toneladas de resíduos reciclados, 2.000 catadores envolvidos, R$ 900 mil em renda, 177 horas ininterruptas de operação e 9 centrais de reciclagem.

Para muito além dos resultados, existe uma série de nuances simbólicas e subjetivas que essa operação vem proporcionando. Por exemplo, identificar o catador com camisa e crachá para que ele seja reconhecido como trabalhador oficial do Carnaval e disponibilizar espaços para banho e refeição.

Criar uma metodologia de fomento à coleta de plástico, além da latinha, e manter equilíbrio entre comportamento divertido e sensibilidade. Apoiar, também, a formulação de políticas públicas colaborativas, com envolvimento dos principais atores da cadeia.

A complexidade dessa agenda faz com que cada conquista seja celebrada e que tenhamos o olhar ainda mais atento a novos avanços.

Por aqui, fico com uma lista de novidades para implementarmos no próximo ano e o peito cheio de alegria por estar ao lado de um super time das mais diversas instituições.

E o gás para, ao longo do ano, implementar novas operações que possam continuar contribuindo para nosso sonho grande de fazer a reciclagem acontecer no Brasil, de forma justa e inclusiva.

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