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Descrição de chapéu América Latina

Precisamos de mais brasileiros investindo no Brasil

Diante do desafio de atrair capital para a América Latina, brasileiros devem investir no ecossistema de impacto do próprio país

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Ricardo Ramos

Diretor Executivo da Aliança pelo Impacto. Antes, foi cofundador e Diretor da Gove, startup de impacto que aumenta a eficiência fiscal nas administrações públicas no Brasil. É engenheiro de produção pela UFSCar

O primeiro trimestre de 2024 me possibilitou vivenciar, discutir e ouvir sobre investimento de impacto no Brasil sob diferentes perspectivas. Tive vários encontros frutíferos, desde painéis com parceiros latino-americanos e conversas com investidores europeus, até reflexões trazidas por empreendedoras sociais brasileiras.

Vivemos momento de empolgação e otimismo com o futuro da agenda de impacto no Brasil. Há avanços recentes significativos, como o relançamento da Enimpacto, pioneira resolução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que adere aos novos padrões de relatos de sustentabilidade.

Outros avanços foram os anúncios de incentivos e investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do governo federal. Há de se mencionar, também, a crescente relevância do Brasil no cenário global, principalmente com a presidência do G20 deste ano e ao sediar a COP30 em 2025.

Grupo de pessoas participando de evento
Comitiva brasileira se reuniu no FLII para debater economia de impacto - Divulgação

Ambos os fóruns são de grande importância e priorizam pautas ligadas às agendas de impacto. Por fim, nota-se, por todo o país, uma enorme quantidade de pessoas criando negócios inovadores.

Embalado por este entusiasmo, no fim de fevereiro, participei do Fórum Latino-Americano de Investimento de Impacto no México, junto a importantes lideranças do setor. Comunicamos um Brasil inovador e maduro, preparado para, ao lado de outros países do Sul Global, assumir seu papel de protagonista nessa pauta e contribuir para o avanço dessa transformação.

Saí de lá ainda mais empolgado, tanto em ver reconhecido nosso progresso, quanto pelo otimismo compartilhado pelos demais países da América Latina, no que diz respeito ao destaque que o Brasil pode ter nesse cenário.

Ainda mais confiante no progresso e relevância do Brasil, embarquei para participar do ChangeNOW na França. Por lá, integrei a primeira comitiva brasileira no evento e participei de um painel apresentando alguns de nossos avanços.

Com o objetivo de conhecer a perspectiva europeia sobre nossos avanços e oportunidades de investimentos de impacto em nosso país, conversei com diversos investidores. Aprendi que, de modo geral, aos olhos dos europeus, eu era, como cantaria Belchior, "apenas um rapaz latino-americano" tentando atrair capital para uma América Latina considerada instável e insegura.

Um investimento muito arriscado para os europeus em um cenário de aversão ao risco, devido aos altos juros e às guerras. Entre a empolgação e a desilusão, ficaram as reflexões. A principal delas veio reforçada por um evento local, organizado pela Sitawi, em que foram apresentados resultados da trajetória de 15 anos da empresa e um estudo sobre a atuação de family offices no investimento de impacto no Brasil.

Felizmente, por esses acasos da vida, a sequência de eventos demonstrou de forma pedagógica que a solução sempre esteve aqui: o que precisamos é ter brasileiros investindo no Brasil.

Hoje, qualquer pessoa pode investir em impacto, do investidor individual ao profissional, do conservador ao arrojado. Mas, para sair dos menos de 0,3% dos ativos financeiros alocados para impacto no país e efetivamente mudar de patamar, precisamos que a elite financeira, essa mesma que entre 2017 e 2022 viu a sua renda crescer três vezes mais rápido que a renda da maioria da população adulta do país, acredite e invista no potencial de nosso país.

Portanto, se você está vendo esse chamado, mas ainda não sabe como começar, conte conosco para lhe ajudar.

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