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Combater desafio climático exige protagonismo dos 28 milhões de habitantes da Amazônia

Presença indígena em diversos espaços é essencial à conservação ambiental e ao bem-viver das populações

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Mariano Cenamo

Diretor de novos negócios no Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), CEO da Amaz e vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2022

Quando se fala no futuro da Amazônia, muitas vezes, não lembramos dos seus quase 28 milhões de habitantes. Porém, existimos, e empreendemos todos os dias por um mundo melhor.

Aqui há saberes ancestrais e contemporâneos, conhecimentos tradicionais e acadêmicos, tudo junto e misturado. E, assim como "aí fora", mentes inquietas daqui despertam pensando na possibilidade de transformar o desafio de combater a catástrofe climática em oportunidades para uma nova economia e bem-estar da população.

Jovens da União do Vegetal de Alta Floresta participam de encontro no Território Indígena do Xingu em Mato Grosso - Lalo de Almeida 5.ago.2023/Folhapress

Ouso dizer que não será possível fazer essa transformação sem o protagonismo de quem vive na Amazônia. A luta aqui é travada nas trincheiras e no front de batalha, geralmente sob um sol de 40 graus.

A partir de Amazônia, o Brasil pode se tornar uma grande potência mundial, mas, por enquanto, somos apenas uma promessa e estamos atuando para mudar isso. Nesse sentido, é crucial unir pesquisadores, empreendedores, filantropos, líderes sociais, banqueiros, investidores, ONGs e políticos interessados na Amazônia.

O 3º Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Fiinsa), que acontece de 22 a 24 de outubro em Manaus, é um exemplo de espaço que reúne esses especialistas em defesa do nosso território.

Para alcançar o impacto que precisamos, temos que unir tecnologias ancestrais e modernas em prol da conservação e regeneração da Amazônia, bem como na mitigação da crise climática. Entre as possibilidades está a construção de novas formas de investir capital privado em negócios que buscam resolver os problemas sociais e ambientais profundos de nossa região. Entender a bioeconomia local a partir da construção colaborativa é o melhor caminho.

A Amaz, aceleradora de impacto coordenada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), que conta com fundo de financiamento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos —o primeiro voltado exclusivamente para a região—, é um exemplo de iniciativa que está conseguindo fazer essa transformação.

A educação é essencial para o futuro, e a escola urbana e eurocêntrica não abrange a diversidade do conhecimento tradicional. A coexistência do conhecimento indígena com a ciência e a tecnologia é fundamental, usando as regras da natureza para melhorar a vida e reconhecendo nossa dependência de animais, plantas e microorganismos.

No mundo dos negócios, a importância do ESG está crescendo, mas ainda há muito caminho a percorrer. Segundo o Instituto FSB Pesquisa, 60% das organizações não têm estratégias claras de sustentabilidade e, embora considerem o ESG essencial, apenas 22% dos executivos têm plano de gestão para essa área.

É ano de eleições e a ascensão dos povos indígenas ao poder também é essencial para construir um novo modelo de desenvolvimento para a região amazônica. Estamos falando de uma política integrada a um projeto para a região, capaz de manter a floresta viva, educação, saúde, segurança, energia limpa e bem-estar para todos que vivem no território.

De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), adotar novas tecnologias é tão importante que os obstáculos enfrentados na implementação devem mobilizar setores políticos, apoio público e inovação tecnológica.

Por isso, o financiamento público e privado deve ser aumentado para a mitigação da crise climática. Comunidades ribeirinhas também precisam gerar receita a partir da conservação da floresta.

O país tem uma grande oportunidade de destaque global a partir da adoção de um modelo bioeconômico para florestas tropicais. Para tanto, devemos agir agora, buscar novos caminhos, nos prepararmos para as mudanças, captar oportunidades e atentar aos riscos.

Importantes nomes exemplificam essa união de diversos setores e mentes pensantes pelo futuro da Amazônia. Entre eles, o empresário Guilherme Leal (copresidente e cofundador da Natura), Juliana Teles (Impact Hub Manaus), Denis Minev (Beml), Juma Xipaya (Aldeia Kaarimã e Instituto Juma) e Fersen Lambranho (GP Investments/G2D Investments), que participaram do último Fiinsa.

Para esta edição do evento, esperamos superar os 550 participantes de 2023, que resultou em mais de R$ 60 mil em vendas de produtos da Amazônia —imagine isso em uma escala ainda maior.

Seja qual for a escolha, não se pode deixar de ter a compreensão do passado, olhando para os pesos que influenciaram a situação atual, além de monitorar o que já está acontecendo hoje.

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