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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Cruzeiro precisa de unidade para sair do fundo do poço

Clube será o primeiro gigante rebaixado a perder cota de TV equivalente à primeira divisão

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Alexandre Mattos voltou ao Cruzeiro no domingo (5) e saiu na quinta (9). Com a passagem relâmpago, já houve oito comandos do futebol desde a suspensão de Itair Machado, em junho.

Marcone Barbosa e Marcelo Djian exerceram o poder sob a presidência de Wágner Pires de Sá, até setembro, quando Itair voltou ao posto. Zezé Perrella assumiu em outubro e foi demitido em dezembro por Pires de Sá.

Márcio Rodrigues tomou seu lugar e durou só oito dias.

O presidente renunciou, foi substituído por José Dalai Rocha. Montou-se um núcleo de transição, com o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, como CEO, e o empresário Pedro Lourenço como diretor. Medioli saiu. Pedro Lourenço trouxe Ocimar Bolicenho como diretor-executivo e Alexandre Mattos. Quatro dias depois, saíram Lourenço e Mattos.

Hoje, o presidente é José Dalai Rocha, o líder do núcleo de transição é Saulo Fróes, e o diretor-executivo, Ocimar Bolicenho. Carlos Ferreira Rocha faz a interlocução com o departamento de futebol, seja lá o que isso quer dizer. Se o Cruzeiro nunca mais sair do fundo do poço, o diagnóstico passará pela crise institucional revelada em reportagem do Fantástico, de Gabriela Moreira e Rodrigo Capelo. A ausência de tratamento está descrita acima.

Se você se espantar com a profecia do apocalipse —nunca mais sair do fundo do poço?— vale olhar para casos do passado. O América foi semifinalista do Brasileiro de 1986. Golpeado com a ausência na Copa União em 1987, jogou a Série A de 1988, foi rebaixado e nunca mais parou de descer a ladeira.

A Portuguesa terminou o Brasileiro de 2013 em 12º lugar. Rebaixada pelo caso Héverton, nunca se recuperou. A diferença do Cruzeiro é ter a quinta maior torcida do país, empatado com o Vasco, com 8 milhões de torcedores. América, Portuguesa, Guarani e Bangu não têm tantos adeptos. O Santa Cruz tem. O Bahia possui a maior torcida do Nordeste e ficou sete anos entre Série B e C.

O Cruzeiro será o primeiro gigante rebaixado a perder a cota de TV equivalente à primeira divisão. Mesmo assim, pode ser muito fácil voltar a ser forte. O Palmeiras não tinha dinheiro para pagar a conta de luz em janeiro de 2013 e três anos depois ganhou o Brasileiro. O Botafogo tinha todas as contas bloqueadas, quando foi rebaixado em 2014. Em 2017, estava na Libertadores.

Nos dois casos, houve plano, meta e liderança.

O Cruzeiro de 2020 é assustador. Segundo um dos dirigentes listados anteriormente e que pede anonimato, a dívida é de R$ 700 milhões, mas a cada dirigente que chega alguém aumenta em R$ 100 milhões. De acordo com ele, por anos o Cruzeiro teve unidade, e hoje são vários grupos políticos, o que gera instabilidade administrativa. É mais grave do que a situação financeira.

Há 30 anos, está claro que o número de clubes grandes do país vai diminuir, por causa do calendário cada vez mais nacional.

Todo país do mundo tem de 3 a 6 gigantes. O Brasil tem 12 apenas porque o gigantismo se construiu a partir dos estados. Acostumada a ganhar o Campeonato Baiano, a torcida do Bahia sempre sonhava com o Brasileiro. Não sonha mais. Isso vale também para as torcidas do Botafogo e do Fluminense.

No país, tudo muda rápido. Em 2012, o Fluminense foi campeão brasileiro, e o Palmeiras, rebaixado. Em 2016, o Palmeiras ganhou o Brasileiro. Bisou dois anos depois, quando o Fluminense escapou da degola na última rodada.

Há um ano, nem se cogitava o Cruzeiro sob esse risco. Agora, precisa de unidade e liderança ou correrá o risco de virar livro de história.

Vittorio Medioli, ex-CEO do Cruzeiro
Vittorio Medioli, ex-CEO do Cruzeiro - Sada Cruzeiro/Twitter @sadacruzeiro/ Reprodução

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