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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Não se deve apressar volta do futebol, mas é preciso ter um plano

Problema no Brasil não é consenso, e sim a falta de liderança

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O calendário do futebol brasileiro previa para este domingo (3) as finais dos campeonatos estaduais. Seria dia de festa, talvez com Fla-Flu no Rio de Janeiro e com o Caxias disputando o título gaúcho, contra Internacional ou Grêmio, em teoria.

Mais difícil prever como seriam as finais em São Paulo, onde o líder da classificação geral era o Santo André, que agora só tem quatro jogadores sob contrato.

Como os estaduais estão parados há 48 dias e a gripe espanhola interrompeu o Paulista por quase três meses, em 1918, é justo pensar que são apenas seis datas a compensar. Dá para recuperar em três semanas o que se perdeu em seis, com jogos às quartas e domingos.


Não haverá quartas-feiras ocupadas pela Libertadores, mesmo porque as competições internacionais são as mais ameaçadas neste momento, pela impossibilidade de viagens que atravessem fronteiras.

As lições da gripe espanhola seguem nos servindo. Mesmo com um século de distância e a economia do futebol amador, que não se comparava com os custos do profissionalismo. Naquele tempo, houve uma palavra chave para sair da crise: consenso.

O torneio só terminou porque se aceitou disputar apenas as rodadas com importância para o título. O Paulistano foi o campeão com 16 jogos, o Corinthians, vice, jogou 18, e o Santos, quarto colocado, entrou em campo 12 vezes.

Curioso que a gripe espanhola tenha acontecido em meio à única campanha de tetracampeonato. O Paulistano foi tri estadual no ano da pandemia e tetra no ano seguinte, enquanto o vírus ainda circulava. Mais de cem anos depois, o Corinthians brigaria –ou brigará– pelo quarto troféu consecutivo.

Há duas décadas dizemos que os estaduais não valem nada. Agora valerão muito, quando puderem ser disputados. Mais ou menos como escreveu o diário inglês The Guardian sobre a ausência de público: “Futebol sem torcida não é nada até o dia em que é tudo”.

Porque, neste momento, só parece possível voltar a jogar os estaduais, sem viagens, com portões fechados e sem data marcada.

O fim das férias dos jogadores, na sexta-feira (1º), provocou discussões sobre o retorno aos treinos.

O Bahia volta neste domingo (3), com os jogadores monitorados e em casa. O secretário da saúde da Bahia entende que mostrar que o futebol treina com distanciamento pode servir para a população ver que não se pode nem pensar em fazer exercícios próximo a outras pessoas.

Os protocolos médicos são minuciosos. Ocorre que o número de casos e de mortos pela Covid-19 aumentou na semana do fim das férias. Se houvesse redução, os protocolos possivelmente permitiriam a liberação dos treinos em grupos pequenos de jogadores.

Muita gente interpreta a confecção desses protocolos por comissões médicas da Federação Paulista, presidida pelo médico Moisés Cohen, ou da CBF, com o apoio de Jorge Pagura, como tentativa de apressar o retorno.

Não se deve acelerar nada. Mas ter plano é necessário. Quando houver sinal verde das autoridades da saúde estaduais, retorna-se. A outra hipótese é sentar-se no sofá e esperar pela vacina.

O exemplo alemão é bom em todos os aspectos. Como testaram mais do que na maior parte dos outros países, puderam voltar aos treinos de maneira que na época pareceu rápida demais, com grupos de dois a quatro jogadores.

Mas só podem agora cogitar o retorno aos jogos no dia 16 de maio porque voltaram a treinar há 30 dias. Para isso, dependem da autorização de Angela Merkel, que prometeu responder na quarta-feira (6).
A Alemanha não é diferente do Brasil por lá haver consenso. É diferente porque lá existe liderança.

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