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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Em quase 20 anos, campeões da Série A e da Série B trocam de lugar

Palmeiras e Cruzeiro invertem papéis entre primeiro ano de Lula no poder e sua terceira eleição

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A 20ª edição do Brasileiro por pontos corridos terminou com o primeiro campeão da Série A vencendo a Série B e o vencedor da Série B daquela temporada como campeão da Série A.

O Cruzeiro de Alex foi o time do ano, quando levantou o troféu de 2003, início de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente.

Naquela mesma temporada, Vagner Love conduzia o Palmeiras ao acesso. Aconteceu exatamente o inverso neste 2022, da terceira eleição de Lula: Palmeiras campeão, Cruzeiro promovido.

Jogadores posam para foto com a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, à frente, após a confirmação do 11º título brasileiro - Adriano Vizoni/Folhapress

Não há registro de nenhum país onde dois times se invertam dessa maneira no controle da primeira e da segunda divisão, no intervalo de 20 anos. O Kaiserslautern ganhou a segundona alemã em 1997 e a Bundesliga em 1998, mesmo caso do Tottenham, a Inglaterra, em 1951.

Mas o campeão da Série A virar vencedor da Série B ao mesmo tempo em que o ganhador da B vence a A... Não tem registro.

Ou não tinha, antes da nossa volúpia em decretar que vivemos um período de espanholização, que certamente (ainda) não existe. Na Espanha, entre 2005 e 2013, Barcelona e Real Madrid se revezaram como campeão e vice em todas as edições da liga, exceto no vice-campeonato do Villarreal de 2008, quando o Real foi terceiro colocado.

Dos últimos nove campeonatos, o Atlético conquistou dois, o Real, três, e o Barcelona, quatro. Neste mesmo período, o Brasil teve cinco vencedores –Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras.

Mas, sim, é verdade que houve 15 taças dos três torneios mais importantes para os clubes brasileiros nas últimas cinco temporadas –Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil. Palmeiras e Flamengo ficaram com dez.

É mais fácil dizer que o domínio da dupla é na Libertadores, vencida pelo River Plate em 2018, última edição que não se pintou de verde nem de rubro-negro, do que pensar que a Série A já está contaminada.

Não está claro que haverá um revezamento de Palmeiras e Flamengo pelos próximos dez anos, mas é evidente que o reajuste de contas e o acerto das estruturas mudou a história recente dos dois times soberanos deste momento.

Logo depois de ganhar a Série B de 2003, o presidente palmeirense Mustafá Contursi levou um grupo de jornalistas ao recém-construído centro de treinamento das divisões de base, em Guarulhos.

Questionado se não havia alojamento para os garotos nem refeitório, ele respondeu que custaria muito dinheiro ter a lavanderia e a cozinha.

Percebe-se por que o Palmeiras demorou tanto tempo para descobrir a galinha dos ovos de ouro e talentos como Gabriel Jesus, Danilo, Gabriel Menino, Patrick de Paula, Gustavo Garcia, Vanderlan, Fabinho, Giovani e Endrick.

O Flamengo tem vendido mais suas descobertas. Vinicius Junior custou 45 milhões de euros ao Real Madrid, a maior venda da história do Brasil, fora Neymar. Descobriu fontes de receita que fizeram da Gávea o cofre mais recheado entre os clubes brasileiros, o primeiro a alcançar R$ 1 bilhão de receita anual.

O Palmeiras terá de encontrar meios de empatar esse faturamento, que o Corinthians pode ter e as sociedades anônimas do futebol prometem atingir.

A Espanha ainda não é aqui, e isso é um problema. Não pelo desequilíbrio, mas por ser possível ter o turismo do futebol como os espanhóis conseguiram ter. Já imaginou unir Maracanã às praias do Rio, Allianz Parque e Neo Química Arena à gastronomia de São Paulo?

Num país em que em 20 anos um campeão da Série A se torna miserável vencedor da Série B, tornar o futebol parte da economia poderá não ser impossível, se o novo governo olhar para o assunto.

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