Para evitar fraudes nos sorteios eletrônicos, o amigo secreto da família Bolsonaro adotou, duas semanas atrás, os bons e velhos papeizinhos dobrados. Com porte liberado de panetone de frutas cristalizadas, a troca de presentes ocorreu ontem em Angra dos Reis.
"O meu amigo secreto não é jogador de vôlei, mas saca muito bem", começou Flávio Bolsonaro. Ninguém entendeu o trocadilho. "Ele também é conhecido como Inspetor Bugiganga", prosseguiu. Silêncio. Flávio, então, resolveu tossir: "Coaf! Coaf!".
"É o Fabrício, tá OK?", arriscou Jair Bolsonaro, enquanto passava doce de leite em uma rabanada.
Mesmo sofrendo de urgência médica, Fabrício Queiroz se levantou para receber o presente. Abriu uma sacola laranja da Havan e desembrulhou um Banco Imobiliário. Sergio Moro, sentado no canto da sala, observava a cena.
Para apresentar seu amigo secreto, Fabrício parodiou Djavan. "Açaí/ Guardiã/ Ração de cachorro/ Um ímã/ Para a imprensa marrom."
"É a Wal!", adivinhou Magno Malta, fazendo a ressalva de que Fabrício cantou a música no tom errado.
Apesar das enormes dores, Fabrício encontrou forças para entregar a Wal o Banco Imobiliário que havia recebido de Flávio Bolsonaro.
Magno Malta, que não foi convidado para a brincadeira, encontrou uma deixa para iniciar uma prece. "Peço a Deus que ore por todos aqueles que foram escolhidos para fazer parte do governo e também para aqueles que ficaram ocultos —menos os petistas." Na sequência, anunciou que vai mudar sua morada para Jerusalém.
Sob forte comoção, Wal prosseguiu: "O meu amigo secreto tirou 30 milhões de brasileiros da miséria. No seu governo, o Brasil saiu do mapa da fome, o negro entrou na universidade e o povo pobre conseguiu andar de avião".
Diante da estupefação generalizada, Wal fez uma pausa. "Brincadeira, gente! É o seu Jair mesmo."
Então Wal pegou o Banco Imobiliário que havia ganhado de Fabrício, que por sua vez o recebera de Flávio, e o ofereceu a Jair Bolsonaro.
Jair Bolsonaro agradeceu a todos e foi dormir.
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