Ricardo Araújo Pereira

Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.

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Ricardo Araújo Pereira

Já não há mais óvnis porque eles passaram a ser fanis

Depois da extinção das sereias, pelo menos presenciei a chegada do fenômeno aéreo não identificado

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Durante muito tempo, vários navegadores viram sereias.

Cristóvão Colombo terá visto três nas Caraíbas, em 1493. Em 15 de Junho de 1608, a tripulação do explorador inglês Henry Hudson viu uma no Ártico. O pescador Henry Loucks viu outra no rio Susquehanna, na Pensilvânia, em 1881. Loucks ainda pensou em lhe dar um tiro, mas acabou por não o fazer, provavelmente devido à surpresa causada por estar perante a primeira sereia de água doce da história.

Progressivamente, foram sendo avistadas cada vez menos sereias, o que é uma pena. Podem ter sido extintas.

Não sou biólogo, mas suspeito que sei o que levou à extinção das sereias. Foi a diminuição do consumo de rum a bordo de navios. Se os marinheiros retomarem a ingestão abundante de rum, creio que voltarão a avistá-las.

No desenho de Luiza Pannunzio uma nave extraterrestre está abduzindo o corpo de um homem aparentemente desmaiado ou morto partindo dum lugar descampado com poucas três árvores.
Ilustração de Luiza Pannunzio - Luiza Pannunzio

No mês passado, o oficial da Força Aérea David Grusch declarou na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que o governo americano tem na sua posse espaçonaves não humanas e os corpos dos respectivos pilotos mortos.

Grusch não viu as naves nem os cadáveres não humanos, mas falou com pessoas que os viram. Infelizmente, não pode revelar os seus nomes.

O depoimento de Grusch confirma algumas suspeitas que já tínhamos. Por exemplo, que as pessoas que avistam espaçonaves são raras, mas as que garantem conhecer quem tenha avistado estão em um número muito maior.

Ou que os alienígenas têm uma especial predileção pelos Estados Unidos. Mais exatamente, pela Área 51, localizado no estado Nevada. É quase sempre esse o sítio do planeta que os alienígenas escolhem para nos visitar.

Creio que não há registro de avistamento de óvnis no espaço aéreo do Djibuti. Aliás, me corrijo: já não há mais óvnis.

Para mim, a informação mais importante que resultou da presença de Grusch no Congresso americano foi esta: deixou de haver objetos voadores não identificados. A designação correta é fenômenos anômalos não identificados.

Eles deixaram de ser óvnis e passaram a ser os fanis.

O que significa que eu vi um óvni. Para ser mais preciso, vi um óvni passar a ser fani. Foi no meu tempo de vida que isso aconteceu, e eu vi. Avistei o fenômeno linguístico, e já é bom.

Talvez um dia, se eu tiver sorte, consiga ver mesmo um fani. E espero que a espaçonave seja tripulada por uma sereia.

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