Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Até quando o Brasil vai aguentar Bolsonaro e seus comparsas?

Goste-se ou não, neste momento o país só tem um candidato: Lula

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Enquanto o ministro Lewandovski suspende mais duas das ações intermináveis contra Lula, JMB (dito Bolsonaro) acumula derrota atrás de derrota até no Congresso. A MP que liberava a divulgação de fake news nem sequer foi examinada. Foi simplesmente devolvida –coisa parecida só aconteceu cinco vezes desde 1985. O tal do voto impresso jaz no túmulo das ideias golpistas.

Já o Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, considerou o expediente das "rachadinhas" crime de peculato, ou seja, corrupção. A decisão refere-se a uma vereadora praticamente desconhecida, mas tem impacto direto na vida da famiglia abrigada no Planalto.

Não bastasse isso, uma das ex-mulheres de JMB é convocada pela CPI da Covid para explicar suas ligações vergonhosas com a central de roubalheiras instalada no Ministério da Saúde. O caso envolve também o rebento mais jovem da dinastia Bolsonaro, da mesma cepa de seus parentes diretos.

Os crimes cometidos por esta turba em relação à pandemia encontram poucos paralelos na história. 600 mil mortos.

Esse é o pano de fundo que explica o recuo momentâneo de JMB após o 7 de Setembro.

Idealizado como demonstração de força pelo Planalto, o plano de manifestações astronômicas foi por água abaixo. A coisa foi tão acintosa que chamaram um golpista inescrupuloso, Michel Temer, para apaziguar os ânimos e encoleirar a besta fera.

De fervoroso admirador da ditadura e do que há de mais reacionário na política brasileira, JMB assinou uma carta fazendo juras pela democracia e pacificação nacional. Chega a pedir desculpas ao ministro Moraes, o qual dias antes havia chamado de canalha em praça pública.

Dias depois, setores da elite caem na gargalhada num jantar na casa de nada mais nada menos que Naji Nahas. Odiado nas pesquisas, JMB percebe que não passa de um joguete nas mãos do capital grosso.

Uma piada de salão, um vira-lata barulhento que já teve sua serventia e hoje vê a carrocinha chegando cada vez mais perto.

Não há como esperar que os ânimos tenham se “apaziguado”. A turma de sempre quer manter o controle da situação e gargalha dos que acreditaram que JMB não passava do antídoto à mão para barrar a candidatura de Lula.

A ele se juntaram o Judiciário, a grande mídia, os parlamentares à venda habituais, tucanos, “democratas” de fachada –todos devidamente instruídos pelo “Deus Trump” e seus asseclas.

Hoje restaram a Bolsonaro “formuladores” como Sérgio Reis, Zé Trovão, Silas Malafaia, Ciro Nogueira, generais que nunca deram um disparo para defender o território nacional e gente do mesmo naipe. Só que a política e o país nem sempre se movem apenas por mentes tão “gabaritadas”.

Vendido como o cérebro da redenção, Paulo Guedes, o especulador que ajudou a desmantelar a economia chilena à custa de aposentados e dos mais pobres, hoje nada mais faz do que espalhar ilusões sobre a recuperação vigorosa da economia.

A tal retomada em “V” virou aqueles gráficos de UTI que apitam na horizontal avisando que o paciente está mais pra lá do que pra cá.

Todas as previsões, mesmo de economistas bolsonaristas manifestos ou enrustidos, apontam para o fundo. Os prognósticos para o ano que vem –2021 já está perdido—apontam um PIB decrescente, coisa de 1% se tanto. O consumo das famílias estacionou; a miséria e a fome crescem insistentemente.

Em economês, a demanda do povo (a maioria) encontra seu limite com a miséria galopante. Foi o que mostrou o IBGE. Mesmo assim a inflação não para de subir. Deve bater em 10%, quando já não ultrapassou este valor em várias capitais

O nome disso, também em economês, é estagflação. Crescimento em baixa, produção estagnada, desemprego, compras reprimidas, os preços empinando e o Banco Central anunciando nova alta de juros para conter um consumo doméstico cada vez mais frugal –menos na casa de Naji Nahas e seus comparsas cheirosos.

O aumento dos juros, na verdade, só serve para atrair o investimento externo que some do Brasil como a cruz foge do diabo. Que se f*** os brasileiros.

Neste momento, o Brasil só tem um candidato de fato. Chama-se Lula, goste-se ou não dele. Bolsonaro & Cia só querem escapar da cadeia. Economistas em baixa, como Edmar Bacha, comparam Lula a Bolsonaro para ganhar páginas de jornais. A terceira via é lero-lero de uma elite desorientada.

A pergunta permanece: o país que importa vai suportar mais um ano sendo depauperado desta forma, social, econômica e politicamente e com tanta indigência intelectual?

O impeachment imediato é mais que imperativo. Senão isto, a renúncia urgente de JMB pelo bem, jamais pelo mal. Ou uma reação social à altura do descalabro em que estamos vivendo.

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