Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Bolsonaro, Prevent, ANS e Hang: o crime organizado na Saúde

A cadeia de comando da indústria da morte no Brasil

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Coube à jornalista Laura Capriglione, do Jornalistas Livres, iluminar o debate sobre a Prevent Senior e as acusações espantosas que pesam contra a operadora. Os donos da empresa, dois irmãos, vinham sendo vendidos como executivos de sucesso, sangue bom, arejados, tanto assim que até seriam roqueiros e não se interessavam só por dinheiro.

Vasculhando um pouco mais, Capriglione se deteve sobre a produção musical da dupla. Encontrou canções que nada mais, nada menos, fazem apologia de ícones nazistas, como a temível SS hitlerista.

Fachada da Prevent Senior com grades na frente do letreiro
Paciente acusa Prevent Senior de transferi-lo ao tratamento paliativo antes do esperado - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Escreve a jornalista:

“Pois bem, os irmãos compõem músicas em inglês. Aqui, vocês têm uma canção deles, chamada de “Army of Sun”. Leia a letra e constate a ideia megalomaníaca desses “roqueiros” que querem, custe o que custar, impor militarmente suas ideias ao mundo, como em uma guerra. Porque, afinal, eles são o “Exército do Sol”.

“Exército do Sol”, aliás, era o nome das SS nazistas, que tinha o nome de Waffen Schwarze Sonne, Waffen-SS, que na tradução do alemão, resulta em “Exército do Sol Negro”.

O nome “Waffen Schutzstaffel”, nome oficial das SS foi escolhido exatamente para ressoar o original “Waffen Schwarze Sonne”, o “Exército do Sol Negro”, que se encontra na mitologia original nazista. As Waffen-SS eram a guarda pessoal de Hitler.

Só podiam pertencer a ela jovens germânicos “puro sangue”, com condições físicas e mentais excepcionais para matar e que manifestassem fidelidade canina à ideologia nazista.”

Aos poucos, vai-se percebendo que as relações promíscuas entre gente como JMB (dito Bolsonaro), Prevent, pilantras como Luciano Hang e que tais juntam bufunfa e política no pior sentido.

Em junho de 2020, era possível ler: a Receita Federal multou os empresários bolsonaristas Luciano Hang, o 'Véio da Havan', Flávio Rocha, da Riachuelo, Junior Durski, do Madero, e mais cinco donos de grandes empresas por manobras tributárias, que, segundo auditores do órgão, buscavam evitar o pagamento de impostos integralmente.

De acordo com levantamento da Folha à época, os oito empresários devem cerca de R$ 650 milhões.

Como sempre, cabe recurso, aqueles que desaparecem nas gavetas complacentes dos amigos do rei. A Prevent não está na lista principal, provavelmente porque operava junto ao gabinete paralelo que de fato orienta as ações deste governo.

Mas as pontas vão se juntando. Está de pé um conluio ideológico reacionário e financeiro que dita as regras do jogo de vida ou morte no Brasil. O depoimento na CPI da advogada Bruna Morato, que representa os médicos que denunciaram os desmandos da Prevent, foi demolidor.

Desde ameaças e assédio moral a quem não receitasse cloroquina até kits de charlatanismo bolsonarista entregues por motoqueiros na casa de pacientes.

Quer mais? Redução de oxigênio de doentes “terminais” para desocupar leitos, lemas de cunho fascistóide para constranger empregados e estudos ginasianos para dar credibilidade a tratamentos sabidamente ineficazes.

O curioso, não fosse trágico, é que formalmente existe no país uma Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), criada para regulamentar e vigiar planos de saúde.

O caso da Prevent veio à tona em março/abril de 2020. A ANS se fingiu de morta –enquanto centenas de milhares de brasileiros morriam e morrem de fato—, provando que, em vez de proteger os consumidores, transformou-se em escritório de defesa da ganância dos planos de saúde.

O mínimo que se poderia esperar seria a intervenção (faz tempo) na Prevent Senior, de modo a salvaguardar a empresa, os milhares de associados, os funcionários honestos e assegurar serviços contratados e não cumpridos.

Mas não. Os diretores da ANS talvez prefiram passar o dia ouvindo baladas filonazistas entoadas pela dupla de roqueiros que dirige a Prevent.

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