Selado o destino do Brasil na Copa com a derrota para a Bélgica na sexta (6), os jogadores marcharam murchos para o vestiário, onde foram informados de que, depois do jantar no próprio estádio, voltariam ao hotel e iriam embora cedinho de manhã. E assim se fez: às dez da matina de sábado, saiu a turma que ficaria em Madri; às 11h, os que viriam para o Rio. Em minutos, já não havia vestígio da seleção brasileira em Kazan ou mesmo na Rússia.
E é isto que me intriga. Entre jogadores, comissão técnica, cartolas, familiares, cabeleireiros e aspones, a delegação devia ser composta de mais de 50 pessoas. Donde foram mais de 50 malas feitas às pressas, a não ser pelos que preferiram, quem sabe, continuar na Rússia por alguns dias, para absorver [risos] um pouco de sua história e cultura. Mas, e o material de trabalho? Uniformes, agasalhos, chuteiras, tornozeleiras, bolas e aparelhos, além dos alicates de sobrancelha e depilação? Ficaram para trás ou também foram embalados na correria?
E me intriga porque, no caso de tudo isto ser verdade —o Brasil ter levantado acampamento de madrugada e embarcado poucas horas depois—, é porque alguém já tomara providências desde a véspera. E, para isto, a pergunta fatal precisara ser formulada: o que teremos de fazer às pressas no caso de perdermos para a Bélgica? Ou seja, pelas costas do oba-oba oficial, do triunfalismo e do já-ganhou, alguém da CBF já estava trabalhando com a possibilidade da derrota.
O mesmo aqui no Brasil com os criadores de comerciais estrelando Tite, Neymar e que tais. Evidente que, a seguir à derrota, aqueles anúncios ufanistas ficariam impróprios. Então, o que produzir para pôr de repente no lugar? O da Coca-Cola mostrou uma garrafa vazia e o título “De repente bate aquele vazio”. Ou seja, em certo momento até a Coca-Cola duvidou do Brasil.
Só nós é que levamos duas semanas acreditando.
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