Li certa vez uma entrevista de Rita Lee em que, em Londres, no tempo dos Beatles, ela fez uma visita à gravadora deles, a Apple, e viu-se diante da porta da sala de John Lennon. A porta estava fechada, mas só saber que, às vezes, John girava aquela exata maçaneta e entrava já era um sonho. Mas a querida Rita não se contentou. Pôs-se a lamber freneticamente a maçaneta, como se estivesse lambendo a mão de John. Foi para ela um grande momento, mas não sei se tão bem-sucedido. Não é provável que Lennon, sendo presidente da Apple e ainda por cima John Lennon, tivesse de abrir portas —sempre haveria um funcionário para fazer isso. Bem provável, portanto, que Rita estivesse lambendo a mão de um aspone.
Outra ideia dúbia, segundo me contaram, foi a do idolatrado pintor Alfredo Volpi, que, em busca de novos tons de amarelo para suas bandeirinhas, resolveu usar gema de ovo como tinta. O resultado lhe pareceu bom. Mas os galeristas logo se queixaram de que os quadros estavam atraindo baratas e desprendendo um vago odor galináceo. Volpi pode ter abandonado ali aquele experimento.
Em busca de uma cara nova para interpretar Sansão em seu filme "Sansão e Dalila" (1949), o cineasta Cecil B. DeMille gostou de Victor Mature no filme "Paixão dos Fortes" (1947), de John Ford, e contratou-o. Mature era grande, robusto e másculo. Mas quando DeMille mandou-o tirar a camisa, descobriu que o que lhe pareciam músculos era banha. E, pior, Mature morria de medo do leão que teria de enfrentar no filme, embora eles fossem dopá-lo (o leão, não ele) e extrair-lhe as unhas (também ao leão, não a ele).
Como se vê, há a boa ideia e a falsa boa ideia. As duas às vezes se parecem.
Enquanto o ministro Alexandre de Moraes, do TSE, não apresentar motivos mais concretos para justificar o estrangulamento dos empresários golpistas pela PF, sua decisão dançará entre uma e outra.
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