Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro
Descrição de chapéu Oscar

Reagan no papel de Bogart

Houve filmes em que um personagem destinado a alguém parou em outras mãos; em alguns casos, foi melhor assim

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Outro dia, revi "Casablanca". E, de novo, perguntei-me como seria se a Warner tivesse escalado Ronald Reagan como Rick Blaine, papel afinal imortalizado por Humphrey Bogart. O abismo entre Bogart e o jeito empada de Reagan faz quase duvidar que tivessem pensado nisso. Mas não seria o único filme em que um personagem destinado a alguém parou em outras mãos.

O papel de Norma Desmond em "Crepúsculo dos Deuses" foi oferecido primeiro a Mae West. Mae o recusou e abriu o espaço para Gloria Swanson. O da mulher enigmática e fatal em "Um Corpo que Cai" foi escrito para Vera Miles, uma das admirações de Hitchcock. Mas Vera estava grávida e quem entrou? Kim Novak. Falando em Hitchcock, ele queria Grace Kelly em "Marnie, Confissões de uma Ladra". Mas Grace alegou que não ficaria bem a princesa do Mônaco viver uma ladra de joias. Já "Tippi" Hedren não viu nada de mal nisso.

Doris Day teria sido fascinante como a sedutora Mrs. Robinson em "A Primeira Noite de um Homem". Mas seu marido e agente Marty Melcher achou a trama "indecente" e nem lhe mostrou o roteiro. Na vida real, Melcher era um hipócrita, e Doris nunca foi a virgem em que a transformaram —ela talvez tivesse aceitado. Anne Bancroft substituiu-a e deu um show. E a dupla de "Perdidos na Noite", Jon Voight e Dustin Hoffman, quase não aconteceu. Nos respectivos papéis, o diretor John Schlesinger sonhava com Elvis Presley e Sammy Davis, Jr. Ficou no sonho.

Warren Beatty, produtor de "Uma Rajada de Balas" ("Bonnie & Clyde"), pensou em Bob Dylan como Clyde, acredita? Voltou a si e escalou-se ele próprio no papel. E, pode crer, Warren queria Jean-Luc Godard como diretor. Mas até Godard achou a ideia insana e recusou-a, daí Arthur Penn.

Ah, sim, Reagan em "Casablanca". Nunca houve essa possibilidade. Foi só uma fake news que a Warner plantou na imprensa para promover sua empada.

Doris Day aos 45 anos, em 1967, quando a cogitaram para "A Primeira Noite de um Homem"
Doris Day aos 45 anos, em 1967, quando a cogitaram para "A Primeira Noite de um Homem" - Reprodução

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.