Thiago Amparo

Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

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Thiago Amparo
Descrição de chapéu Folhajus

Bolsonaro, adepto do satanismo?

Presidente se aproxima de figura mitológica ao pregar vingança em seu discurso

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No purgatório que separa o primeiro do segundo turno, poucos imaginariam que o Satanás, ele próprio, seria tema de debate eleitoral, como se não houvesse mais coisas entre o céu e a terra para se debater. Poderíamos, ao invés, falar sobre alguns dos efeitos do primeiro turno: a interiorização do bolsonarismo em SP e Nordeste; ou o triste fim do PSDB, morto pelo bolsonarismo com o qual algumas de suas figuras flertam vs. a postura digna da outra parte do centro e da direita em apoiar Lula pela democracia (Tebet, FHC e outros).

Fiquemos com o Belzebu, por hoje. Até o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) interveio para remover publicações que associam Lula ao satanismo. Apoiadores de Bolsonaro, por outro lado, foram a público contra o mesmo veneno que sempre destilaram a seus adversários: a mamadeira de piroca desta eleição está apontada para o capitão, o envolvimento de Bolsonaro com maçonaria, e se ela seria satânica (não é). Seja pela desinformação que encerra, seja por instigar preconceito, não vale aqui discorrer a respeito.

Cabe, no entanto, discorrer sobre um tema correlato: seria Bolsonaro adepto do satanismo?
Vamos às fontes: a Igreja de Satã, de Anton LaVey, possui princípios caros a Bolsonaro: "Satã representa vingança ao invés de dar a outra face". Bolsonaro prega "fuzilar a petralha", como discurso, e promove o armamento generalizado, como política. A consequência: vingança e morte. Prega que não devamos desperdiçar compaixão com desafetos. Bolsonaro ri da morte alheia, imitando quem sufoca na pandemia.

É digno de um fariseu instrumentalizar a religião para construir uma retórica de nacionalismo cristão, onde o líder (ele) represente o messias e o mito nacional, a cruz e a bandeira: quem o faria senão um farsante?
Eficaz ou não, a guerra santa invertida levanta a dúvida se precisamos mesmo de Satã para demonizar Bolsonaro; ou se os quatro anos de governo já nos mostraram que estamos mais próximos do inferno do que antes.

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