Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Fundo da alma

Felipão, em uma entrevista, disse que tem estratégias de emergência para usar durante as partidas e que, às vezes, resolve no momento. Essa é uma de suas qualidades.

As decisões repentinas são mais arriscadas, porém, costumam ser mais brilhantes que as planejadas e ensaiadas, desde que sejam feitas por um bom observador. Elas são também baseadas em conhecimentos técnicos, científicos. A diferença é que não são racionalizadas. Surgem do fundo da alma. A pessoa sabe, mas não sabe que sabe.

Felipão citou duas situações de emergência, planejadas. Uma é a de colocar Jô e Fred juntos. Deve ser para jogar a bola na área, no fim da partida. É a tática do desespero. Fiquei preocupado. A outra seria escalar um terceiro zagueiro ou um zagueiro de volante. Só pode ser para segurar o placar. Felipão citou Henrique como opção. Fiquei ainda mais preocupado. Imaginava que entraria Dante, e David Luiz seria o volante-zagueiro.

Felipão deveria trocar ideias com a psicóloga Regina Brandão sobre Neymar, que tem criado muitos atritos com os marcadores, que lhe fazem muitas faltas. Imagine se Neymar for expulso. Como sou um psicólogo de botequim, fiz cursos de psicanálise, quando jogava, percebi a importância dos fatores emocionais, gosto da participação de uma psicóloga, desde que o técnico, nessas situações, e não a psicóloga, converse com o
jogador, como Felipão faz.

Não se deve confundir psicologia esportiva com palestras de motivação. Antes da Copa-1998, entrevistei, para a ESPN Brasil, o motivador da seleção. Foi o mesmo da Copa-2006. Era amigo de Parreira e de Zagallo. Ele olhou para as câmeras e, como se fosse falar a coisa mais importante do mundo, disse: "Quem vai ser campeão não é a melhor seleção, e sim a que jogar melhor". Genial! São os especialistas do óbvio.

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