Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Empate foi ruim, mas muita água vai rolar

Não gostei da saída de Paulinho, que, apesar do jogo apagado, é importante na área do adversário

Belo Horizonte

Falta uma hora para começar o jogo. Tomo um café com pão de queijo e me ajeito no sofá. A televisão mostra, pela milésima vez, o pênalti perdido por Messi e compara seu fracasso com o sucesso de Cristiano Ronaldo, como se fosse raro Messi perder pênalti.

Diferentemente do senso comum de que quem bate pênalti é o craque do time, acho que outro jogador deveria ser treinado, pois a pressão no melhor do time é muito maior, a não ser que ele tenha uma confiança sobrenatural, um homem-máquina, como Cristiano Ronaldo. Grandes craques perderam pênaltis em Copas, como Maradona, Platini, Baggio, Zico, Sócrates.

A televisão começa a mostrar a festa no estádio do jogo entre Brasil e Suíça. Dá vontade de estar lá, para conhecer a Rússia e assistir aos jogos, participar da festa nas praças, como torcedor, turista, um desconhecido.

A bola rolou. No primeiro tempo, o Brasil teve uns dez a 15 minutos de futebol espetacular, coletivo e individual, acompanhados do magistral gol de Coutinho, de seu jeito, chutando de fora da área, forte e de curva. Acho que é o gol mais bonito da Copa até agora.

Neste pequeno período de esplendor, o Brasil tinha dois quartetos e dois trios. Um quarteto ofensivo, formado por Coutinho, William, Neymar e Gabriel Jesus, e outro, defensivo, de marcação no meio-campo, com William, Coutinho, Paulinho e Casemiro. Havia ainda um trio, no meio-campo, com Casemiro, Paulinho e William, e um trio ofensivo, pela esquerda, formado por Marcelo, Coutinho e Neymar. São ótimos exemplos do que é o futebol apoiado, uma expressão da moda.

No segundo tempo, logo no início, a Suíça empatou, com um gol irregular. Não acho que foi pênalti no lance com Gabriel Jesus. O Brasil, como já havia acontecido a partir da metade do primeiro tempo, caiu de produção. Coutinho não conseguiu mais atacar e defender, por não ter a força física para isso, durante muito tempo. William foi muito pouco usado pela direita. Faltou o grande brilho de Neymar.

Não gostei da saída de Paulinho, que, apesar do jogo apagado como armador, o que é comum, é importante na área do adversário, no momento do abafa, da pressão, do jogo aéreo que ocorreu no fim do jogo.

O empate não foi bom, mas fica o consolo de que as outras grandes seleções tiveram também enormes dificuldades. É só o começo. Muita água vai rolar.

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