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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Se o Brasil não tivesse sido campeão em 1970, haveria críticas à forma de jogar

Os grandes times possuem também deficiências, e equipes medianas têm também virtudes

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Dia 14 de junho, 50 anos atrás, o Brasil ganhou do Peru, por 4 a 2, pelas quartas de final da Copa de 1970. Falam que foi a melhor seleção peruana de todos os tempos. Era dirigida por Didi, um dos maiores da história do futebol brasileiro.

Como lembrou Juca Kfouri, Didi, que também dirigiu o River Plate, por ser negro, nunca chegou a ser técnico da seleção brasileira.

Seleção brasileira posa para a foto oficial antes de partida da Copa do Mundo de 1970
Seleção brasileira posa para a foto oficial antes de partida da Copa do Mundo de 1970 - Reprodução

Perguntam-me muito sobre os detalhes táticos do time de 1970. Na prancheta, era um 4-3-3, com quatro defensores, três no meio-campo e três atacantes. Mais importante que isso, era uma equipe revolucionária para a época, por ser compacta e atacar e defender com muitos jogadores.

Havia variações e dificuldades táticas. Como o lateral Everaldo era muito mais marcador que apoiador e o meia-armador Rivellino avançava pouco pela esquerda, o time era pouco ofensivo por aquele setor.

Por isso, de vez em quando, eu ia para a ponta esquerda, como no passe que dei para Clodoaldo fazer o primeiro gol contra o Uruguai. Na jogada que antecedeu o primeiro gol contra a Itália, tentei driblar como um ponta, e a bola foi para a lateral. Bati rapidamente para Rivellino, que cruzou para Pelé cabecear.

Outra dificuldade tática era no posicionamento no meio-campo.

Em todas as equipes que possuem um trio nesse setor, o volante recuado e mais marcador atua pelo centro, com um meio-campista de cada lado.

Na seleção de 1970, o armador mais centralizado era Gérson, com Rivellino à sua esquerda e Clodoaldo à direita, mais atrás. Não havia um armador pela direita, que marcava e atacava. Jairzinho, muitas vezes, voltava pelo lado e formava uma linha de quatro no meio-campo, com Clodoaldo, Gérson e Rivellino (4-4-2).

Jairzinho, com sua incrível velocidade, ainda chegava à frente para fazer gols. Marcou em todos os jogos do Mundial.

Se o Brasil, por causa de acasos, uma bola perdida, um erro do árbitro ou por outros detalhes, não tivesse sido campeão, haveria críticas à maneira de jogar da equipe. Os grandes times, campeões, possuem também deficiências, assim como equipes medianas, perdedoras, têm também virtudes.

Ganha-se e perde-se por muito pouco. As coisas, rapidamente, vão e voltam. A vida é um suspiro.
Talento e acaso

Na volta do futebol na Espanha, com o clássico da cidade entre Betis e Sevilla, havia até torcida virtual, que vibrava. Só faltava pular.

No jogo tinha, pelo menos, quatro jogadores formados no Barcelona (Tello, Munir, Aleñá e Bartra), da mesma geração, que atuaram por algum tempo no time principal do Barça, mas que, por falta de talento para uma grande equipe, foram jogar em times médios espalhados pela Europa. Há vários outros. Com isso, o clube, nos últimos anos, fez contratações caríssimas, sem sucesso.

Essa geração veio depois de outra espetacular, de Messi, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Fábregas e outros.

Por causa dessa geração de craques, o centro de formação de atletas do Barcelona foi tratado como uma maravilha, mais que isso, como se eles tivessem uma fórmula mágica para produzir excepcionais jogadores. A geração seguinte mostrou que não é bem assim.

Craques não se formam no laboratório. São consequência da associação de bons trabalhos nas categorias de base com o talento natural e com o acaso, por tantos craques aparecerem juntos, ao mesmo tempo. Assim, se construíram grandes times da história.

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