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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Gênios são criados e descartados por aqueles que gostam de tudo ou nada

A sociedade do espetáculo gosta de extremos, de radicalizações

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O Palmeiras jogou bem e mereceu mais um título. É a equipe brasileira mais vencedora em 2020. O contra-ataque, marca do time, funcionou bem, facilitado pela fragilidade defensiva do Grêmio.

Abel Ferreira foi um técnico certeiro ao aproveitar a velocidade dos atacantes e o bom elenco, alternando a escalação a cada partida, o que diminuiu o cansaço físico e mental, sem piorar a qualidade.

É o estilo dos jogadores que define a maneira de jogar de um time. Além disso, é fundamental executar bem o que foi planejado, função do treinador.

O veterano Felipe Melo deu uma aula para os garotos do Palmeiras sobre como se posicionar e como dar um passe rápido e para frente, entrelinhas, como gostam de dizer. Todos os volantes brasileiros deveriam aprender e aprimorar essas jogadas.

Não foi surpreendente a má atuação do Palmeiras no Mundial de Clubes. A equipe mostrou suas deficiências, mesmo contra adversários medianos. O futebol que se joga no Brasil precisa evoluir.

O Grêmio, mais uma vez, demonstrou suas deficiências técnicas, táticas e físicas. No primeiro gol do Palmeiras, Raphael Veiga driblou Maicon e conduziu a bola de uma intermediária à outra, enquanto os zagueiros do Grêmio permaneceram colados à grande área. Esses enormes espaços são frequentes em quase todos os times brasileiros.

Não havia motivo para Renato Gaúcho barrar o goleiro Vanderlei nem Jean Pyerre, ainda mais que os substitutos são jogadores medianos. Thaciano entrou só para marcar as descidas e os avanços do lateral Viña, passando Alisson a jogar no meio, onde não é seu lugar. Se o Grêmio tivesse sido campeão, por muitos outros motivos, Renato diria que teria sido uma tacada de gênio. Seria bastante aplaudido. Ganharia outra estátua.

Jean Pyerre precisa definir seu lugar, mais recuado ou como meia-atacante, mais perto do gol, como Renato e a maioria querem. Não é o lugar certo, nem atrás nem mais à frente. Ele é um meio-campista, função ignorada no Brasil e bastante importante na Europa, com a presença de excepcionais jogadores que atuam de uma intermediária à outra.

Muitos já comparam Jean Pyerre com outros meias, como Luan e Ganso, que tiveram grandes momentos na carreira e que caíram bastante de produção. Não é o caso. Jean Pyerre não teve um período mais longo de sucesso, por estar no início de carreira, nem fracassou. É uma promessa. Ele, no início, criou uma enorme expectativa e, com isso, cobram dele atuações de craque. Eu, encantado ao vê-lo jogar, me excedi nos elogios, com a esperança de que ele se torne o craque no meio-campo que o futebol brasileiro nem a seleção têm.

Assim como Jean Pyerre, mesmo sem brilho, não deveria ser barrado, já que não há uma outra boa opção. Luan, mesmo com atuações discretas no Corinthians, deveria continuar no time titular, pois não há bons substitutos. Ele, pelo menos, cria uma esperança. Luan tem chance de evoluir, mas nunca vai voltar a atuar como em 2017, quando foi eleito o melhor jogador da América, na conquista da Libertadores pelo Grêmio. Foram momentos especiais. O mesmo acontece com vários jogadores. Ele era muito bom, mas nem tanto.

A sociedade do espetáculo cria, rapidamente, heróis e gênios, para, em seguida, descartá-los, ainda mais se o “gênio” der chance. A sociedade do espetáculo gosta de extremos, de radicalizações, de tudo ou nada.

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