Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil e China expõem dificuldades e caminhos nas relações comerciais

Em seminário feito pela Folha, brasileiros reclamam e chineses acenam para esforço conjunto

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O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, mostraram nesta quinta-feira (6) como são árduas as negociações comerciais entre dois países.

A China, principal parceira do Brasil na área agropecuária, dificulta a entrada de alguns produtos brasileiros. Em alguns casos, como os da carne de frango e do açúcar, colocam pesadas taxas nas importações, o que está levando o Brasil a entrar na OMC (Organização Mundial de Comércio).

No seminário Brasil-China, realizado pela Folha em São Paulo, Maggi disse que a China não é um país aberto e que ela regula os mercados.

Após a participação no seminário, o ministro brasileiro afirmou à imprensa que existe uma má vontade dos chineses com relação às questões brasileiras.  Segundo ele, ao menor risco, os chineses fecham seus mercados.

Li Jinzhang, embaixador da China no Brasil, faz apresentação no seminário Brasil-China, realizado pela Folha em São Paulo - Reinaldo Canato / Folhapress

“Quando eles querem comprar, compram. Quando a gente quer vender nem sempre é possível.”, disse o ministro. Ele citou o caso da soja, bem aceita, e o das carnes, que encontram dificuldades.

Durante o seminário, o embaixador chinês disse que o país está trabalhando para abrir os mercados, mas é necessário um esforço conjunto para isso.

Se referindo ao açúcar, Li deu os motivos da reação chinesa ao produto brasileiro. São pelo menos 4,7 milhões de produtores de cana no país, que têm uma produtividade bem abaixo da obtida no Brasil. “Eles não conseguem competir,” disse.

Para ele, “a responsabilidade de um governo é proteger os produtores de seu país”. A China não fecha as portas, mas protege o mercado interno, afirmou.

Apesar das reclamações contra a China, Maggi apontou que parte dos empresários brasileiros também adota a mesma postura. Ele citou um exemplo. Há uma negociação para a entrada de pera chinesa no Brasil, em troca de melão e de melancia. Os produtores brasileiros de maçã, porém, se opõem.

Para o ministro, há uma dificuldade muito grande em se fazer acordos. Empresas e produtores precisam se adequar.

Maggi adverte também que os brasileiros precisam entender mais a China. O país asiático não está mais no estágio de há uma década. Agora eles querem produtos de qualidade e, muitas vezes, os empresários brasileiros não percebem isso.

 “O não respeito à qualidade e àquilo que está no contrato faz o Brasil perder preferências no mercado da China”.  Os brasileiros reclamam que o país asiático não abre o mercado, mas é preciso que aqui também se faça a lição de casa, afirma.

A respeito da disputa comercial entre Estados Unidos e China, Maggi diz que “em briga de elefantes, quem perde é a grama, que somos nós”. Li acrescentou que o Brasil também já é elefante.

Nesse imbróglio entre americanos e chineses, a conta pode sobrar para o Brasil. Segundo o ministro, a soja cai em Chicago e sobe no Brasil, devido às compras chinesas. Isso significa menos custos para os produtores de ração e de proteína nos Estados Unidos, mas mais elevação no Brasil. O país perde competitividade.

Os chineses mencionaram durante o seminário da Folha a possibilidade de elevar a compra de produtos de maior valor agregado. O ministro brasileiro disse, na entrevista à imprensa, que poderiam começar por cotas de farelo e de óleo de soja, já solicitadas pelo Brasil.

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