O mercado de carbono está em um processo de construção no país, mas 70% dos empresários do agronegócio não têm ideia do que ele seja e dos mecanismos que oferece.
A avaliação é de Marcello Brito, presidente do conselho diretor da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).
“Estamos em um processo de aprendizado, mas o mercado é feito sobre confiança, e sofremos por falta dela no mercado internacional”, diz ele.
“A imagem do Brasil é moída lá fora. É a pior na história do país, independentemente do índice que se utiliza para a verificação”, afirma.
Brito diz, no entanto, que o Brasil deverá ser um dos protagonistas nesse setor, e o país não precisará fazer nenhuma revolução para isso, uma vez que boa parte do desrespeito à busca do carbono zero vem da criminalidade e da ilegalidade.
“Podemos fazer um processo de mitigação reduzindo desmatamento. A nós é mais fácil do que a outros países porque temos ativo ambiental para fazer isso”, diz.
Imagem é o cartão de visita dos que querem fazer negócios. E, neste momento, a Amazônia tira o Brasil do mundo, quando se trata de captação financeira e de possíveis acordos comerciais.
A Abag realiza no começo de agosto um congresso online para discutir aspectos para o desenvolvimento do mercado de carbono verde no país.
Durante o evento serão discutidos a energia limpa e sustentável, a competitividade do Brasil nesse setor e o futuro do agronegócio brasileiro no comércio mundial.
Estruturação do agro árabe vai exigir tecnologia brasileira
As exportações brasileiras para os árabes cresceram 26% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2020, quando considerado o total geral, conforme dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
As vendas de produtos agropecuários, porém, ficaram estáveis no período, somando US$ 3,7 bilhões, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Há três anos, eram US$ 5 bilhões.
As vendas totais brasileiras para a Liga Árabe atingiram US$ 6,4 bilhões até junho impulsionadas por minério de ferro, que rendeu US$ 2 bilhões, 200% a mais do que em 2020.
No setor de agronegócio, as principais compras dos árabes são açúcar e carnes, ambos com receitas superiores a US$ 1,1 bilhão nos primeiros seis meses do ano.
No caso das carnes, a de frango, apesar das restrições a frigoríficos brasileiros pela Arábia Saudita, teve alta de 8% no período. Já a bovina registrou perda de 34% no bloco desses países. A maior retração de compra de carne bovina vem ocorrendo no Egito. É de 60% no ano.
Considerando apenas o setor de alimentos, a Arábia Saudita encabeça a lista dos principais parceiros do Brasil no semestre —US$ 916 milhões—, seguida de Argélia e de Emirados Árabes.
Os países da Liga Árabe vêm aumentando as importações de soja e de milho. A compra da oleaginosa evoluiu 26% neste ano, e a do cereal, 120%.
Para Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara Árabe, os países da região estão estruturando a cadeia do agronegócio, o que abre um horizonte para as exportações brasileiras de tecnologias voltadas para o setor.
As exportações brasileiras para os árabes mostram uma participação muito pequena do país em frutas e em leite na região.
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