Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Clima faz país perder 4 milhões de toneladas de grãos

Adversidades climáticas fazem produtividade cair e produtor semear menos

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O clima começa a deixar a sua marca, mesmo antes de um avanço significativo da safra 2023/24. Algumas regiões do país nem terminaram o plantio, e a avaliação deste mês da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indica uma redução de 4,4 milhões de toneladas na produção de grãos no país, em relação ao que era previsto no mês passado.

As novas estimativas apontam para um volume total de 312,3 milhões de toneladas. Em novembro, o órgão governamental previa 316,7 milhões. Ainda é cedo para estimar os efeitos do clima sobre as lavouras, mas a safra que está sendo iniciada já deverá ser 8 milhões de toneladas inferiores à de 2022/23. Este será um período dominado pelo El Niño, que provoca escassez de chuva na parte superior do país e excesso na de baixo.

Plantação de milho em Nova Mutum (MT); cidade é a décima maior produtora de grãos do Brasil - Fernando Canzian/Folhapress

Como isso afeta o consumidor? Os estoques finais de arroz e de feijão, dois dos principais produtos de consumo diário para boa parte da população brasileira, não terão grandes mudanças, por ora. As perspectivas são de produção e consumo ajustados.

Uma das principais preocupações é com o milho. Os estoques finais da safra 2023/24 caíram para 4,5 milhões de toneladas, 49% a menos do que era previsto no mês passado. Boa parte do cereal foi para fora do país. De janeiro a novembro, as exportações somaram 49,9 milhões de toneladas, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O milho terá redução de área e de produção. Após ter atingido 132 milhões de toneladas em 2022/23, a safra atual está estimada em 118,5 milhões. Preços baixos, dúvidas sobre o clima e um atraso no plantio de soja, o que afeta o período ideal da semeadura do cereal, devem fazer com que o produtor semeie 21 milhões de hectares, abaixo dos 22,3 milhões da safra anterior.

Uma quebra na safrinha de milho, a que é semeada após a colheita da soja, inibirá exportações de 2024 e manterá preços aquecidos. Se isso ocorrer, os custos da produção de proteínas aumenta, respingando no bolso do consumidor.

A soja, embora as previsões ainda sejam de uma safra recorde de 160 milhões de toneladas, já teve o volume reduzido em 2,2 milhões neste mês, em relação às previsões anteriores, devido ao clima.

O trigo foi o grande perdedor de 2023. Os produtores apostaram no cereal e elevaram a área de plantio para 3,5 milhões de hectares, 12% a mais do que em 2022. A produtividade esperada não se confirmou, e a produção, prevista em até 11 milhões de toneladas, ficou em apenas 8,1 milhões.

Os produtores do Rio Grande do Sul foram os grandes perdedores, devido a seca em determinados períodos do desenvolvimento das lavouras e a excesso de chuva em outros. A produtividade do estado caiu para 1.930 kg por hectare, 51% a menos do que em 2022.

Com essa queda no rendimento das lavouras, a produção dos gaúchos deverá recuar para 2,9 milhões de toneladas neste ano, bem distante dos 5,7 milhões de 2022. Além da perda em volume, os produtores também perderam na qualidade do cereal, afetado por chuvas no período de colheita.

A soja, líder no volume produzido de grãos, volta a ter um espaço maior no plantio desta safra. Pelos cálculos da Conab, os agricultores apostam na oleaginosa e vão destinar 45,3 milhões de hectares para o produto, 2,8% a mais do que na safra anterior.

As novas áreas de soja ganham espaços maiores nas regiões Norte e Nordeste, onde o crescimento será de 9,1% e 6,1%, respectivamente. As duas regiões representam 17% de toda a área semeada com a oleaginosa.

No Sul, o crescimento será de 1,1%. O Rio Grande do Sul, após quebras seguidas de safras, eleva a área em 1,8% e espera produzir 22 milhões de toneladas, 68% a mais do que em 2022/23.

A produção de grãos estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de 306,2 milhões de toneladas em 2023/24, abaixo da estimativa de 312,3 milhões da Conab.

Só a previsão de soja já explica boa parte dessa diferença. Enquanto a Conab estima uma safra de 160,2 milhões de toneladas para a oleaginosa, o IBGE fica nos 152,5 milhões.

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