Como a Feira do Livro reúne dezenas das principais editoras do mercado em São Paulo, elas aproveitam para, além de apresentar seus livros mais badalados do catálogo, indicar um pouco do que está por vir.
Uma dica quente veio da boca de Sueli Carneiro para a plateia lotada que a acompanhava na noite desta quinta. A Zahar, que acaba de publicar sua tese "Dispositivo de Racialidade", está prestes a lançar também, pela primeira vez no Brasil, uma das principais bases teóricas de seu trabalho —o livro "O Contrato Racial", do americano Charles Mills. A obra, que completa 25 anos, é considerada pedra fundamental da teoria racial crítica.
Já a Autêntica vai dobrar a aposta, literalmente, na sul-africana Deborah Levy. Uma das estrelas do novo selo de literatura contemporânea da editora, ela acaba de ter mais três livros contratados além da trilogia autobiográfica que saiu no Brasil em março.
As novidades confirmadas incluem "August Blue", que a autora lançou agora no Reino Unido; e os romances "Hot Milk", inédito por aqui, e "Swimming Home", finalista do Booker que foi editado pela Rocco. A Autêntica quer se firmar de vez como a casa de Levy no Brasil.
A Jandaíra, por sua vez, investe em julho numa escritora senegalesa nunca publicada aqui, Mariama Bâ, uma das maiores vozes do feminismo no continente africano.
Bâ morreu em 1981, aos 52 anos, e a casa brasileira vai publicar sua principal obra, "Une Si Longue Lettre", romance epistolar sobre as pressões das tradição sobre as mulheres casadas, que deve ser traduzido como "Uma Carta Tão Longa".
Já a Âyiné se integra à Bienal de Arte de São Paulo com um livro de ensaios do espanhol Manuel Borja-Villel, um dos quatro curadores da edição deste ano. O ex-diretor do Museu Reina Sofía terá seu "Campos Magnéticos: Escritos de Arte e Política" disponibilizado nas livrarias ao mesmo tempo em que o evento abre suas portas.
E a Companhia das Letras publica em outubro o primeiro livro do jornalista Bernardo Esteves, realizado com apoio do Instituto Serrapilheira, sobre a história da ocupação humana nas Américas.
Mais que um livro de arqueologia, fruto de pesquisa árdua sobre dezenas de campos de escavação, a obra busca analisar como cientistas são capazes de articular a história a seu modo, de acordo com os achados e interpretações que escolhem privilegiar.
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