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Audible usa poder de fogo da Amazon para fazer audiolivro vingar no Brasil

Empresa começa oferecendo 4.000 títulos narrados em português, com Denise Fraga, Marcos Palmeira e Nathalia Dill

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A Audible desembarcou no Brasil nesta terça-feira com o peso esperado do serviço de audiolivros mais consumido do mundo, com o carimbo ostensivo da Amazon.

nathalia dill com fone em estúdio diante de microfone
A atriz Nathalia Dill durante gravação de audiolivro feito pela Audible, que começa operação brasileira - Divulgação

A assinatura de R$ 19,90 mensais dá acesso a mais de 100 mil títulos em diversos idiomas, com a possibilidade de comprar outros 500 mil. Cerca de 4.000 deles são narrados em português, entre versões produzidas pela própria Audible ou compradas de editoras. Haverá teste grátis de um mês para novos usuários e de três meses para assinantes do Amazon Prime.

E, nesse caso, a quantidade avassaladora é um instrumento chave, como sói acontecer na empresa fundada por Jeff Bezos. "Boa parte da biblioteca que trazemos agora está disponível pela primeira vez", diz Adriana Alcântara, que gerencia a operação brasileira da empresa, em referência, por exemplo, à trilogia de "Senhor dos Anéis".

É uma lógica de oferta massiva que só poderia ser oferecida pelo poder de fogo de uma das maiores varejistas do mundo. Agora o canhão da empresa, que já mudou o mercado de exemplares de papel, mira um ramo que nunca se firmou direito no Brasil.

Apesar de já existir por aqui há mais de década, por meio de empresas nacionais como Tocalivros e Supersônica e estrangeiras como Storytel, os audiolivros nunca tomaram proporção significativa no país.

Os livros digitais, como um todo, representam 6% do mercado editorial brasileiro, e uma fração minoritária disso se refere às obras em áudio —a maior parte é receita de ebooks.

É claro que a entrada com os dois pés da Amazon tem potencial de mudar o panorama, mas não é uma tarefa simples. É o que reconhece o presidente mundial da Audible, Bob Carrigan, que veio para a aterrissagem da empresa em São Paulo, na terça. "Por isso, quisemos de cara ter uma abordagem holística, oferecendo tanto histórias muito bem contadas quanto um grande catálogo a um preço econômico."

"Para o segmento crescer, você precisa garantir que não vai gerar frustração", afirma Alcântara, a diretora no Brasil. "Se você procura um livro específico e não encontra, e isso se repete duas ou três vezes, você pensa que audiolivro não é para você."

"Nós enxergamos dois caminhos de audiência", detalha ela. "De um lado, os amantes de livros que não leem mais porque perdem horas no trânsito ou cuidando do filho; e de outro, o brasileiro que já está com o fone no ouvido, indo para o trabalho ou a academia, e que agora vai ter acesso a uma nova biblioteca."

Nos últimos 18 meses, quando a empresa americana preparava sua entrada no Brasil por baixo dos panos, uma produção em grande escala se ergueu, com centenas de narradores responsáveis por gravar 1.500 novos audiolivros em português, o que incluiu uma estratégia de reunir nomes chamativos do audiovisual —para atuar sem a parte do "visual".

A apresentação em São Paulo trouxe como cartão de visitas quase um pequeno Festival de Gramado, com a presença de Antônio Pitanga, Marcos Palmeira, Nathalia Dill, Eduardo Moscovis, Otávio Müller, Fabrício Boliveira e Maitê Proença, entre outros, que ficaram responsáveis por narrar clássicos da literatura como "Dom Casmurro", "O Cortiço", "1984" e "Orgulho e Preconceito".

A proposta foi bem resumida por Carrigan, o presidente da Audible, em sua breve aparição no palco. "É como ter Denise Fraga na sua cozinha todas as manhãs", disse diante de uma atriz radiante, que depois afirmou à coluna ter se encantado com a ideia de entrar na intimidade dos ouvintes.

É claro que esse não é um esforço inédito. A própria Supersônica, lançada em agosto, trazia atores como Isabel Teixeira, Caio Blat e Sandra Corveloni lendo obras de autores como Annie Ernaux e Lima Barreto.

Isso demonstra que o mercado tem ficado mais robusto nacionalmente, a par dos hábitos internacionais. O Spotify, por exemplo, acaba de oferecer a toda sua carta de assinantes nos Estados Unidos acesso a 15 horas de audiolivros, depois de um ano oferecendo livros pagos obra a obra.

"Dizemos que ouvir é o novo ler", afirma Carrigan. "É um novo jeito de experimentar literatura, de forma dramática e enriquecedora, acessível a quem não tem tempo. Para algumas pessoas, sentar e ler um livro é algo que não se encaixa na vida. Queremos expandir a influência da literatura para elas."

Veja a seguir a lista de algumas das obras narradas pelas estrelas contratadas pela Audible no Brasil.

  • '1984', narrado por Otávio Muller
  • 'Alice no País das Maravilhas', narrado por Gabz
  • 'Anne de Green Gables', narrado por Nathália Dill
  • 'Um Teto Todo Seu', narrado por Clarice Falcão
  • 'Dom Casmurro', narrado por Marcos Palmeira
  • 'Drácula', narrado por Fabrício Boliveira
  • 'Ânsia Eterna', narrado por Tabata Contri
  • 'Nerd', escrito e narrado por Érico Borgo
  • 'Orgulho e Preconceito', narrado por Denise Fraga
  • 'Sexo em Cativeiro', narrado por Maria Ribeiro
  • 'O Ateneu', narrado por Eduardo Moscovis
  • 'O Grande Gatsby', narrado por Tarso Brant
  • 'A Filha Primitiva', escrito e narrado por Vanessa Passos
  • 'O Cortiço', narrado por Maitê Proença
  • 'O Seminarista', narrado por Daniel Munduruku
  • 'O Morro dos Ventos Uivantes', narrado por Bianca Bin

LIVROS EM DEBATE A Festa Literária da Mantiqueira, que acontece no feriado de 12 a 15 de outubro em Santo Antônio do Pinhal, em São Paulo, homenageia o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, entre cem atividades da programação. Entre elas, uma mesa com o neurocientista Sidarta Ribeiro e o jornalista Marcelo Leite, colunista deste jornal, e um debate com os pesquisadores Bruno Paes Manso e Luiz Eduardo Soares, com mediaçãoda jornalista Marcella Franco.

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