Zeca Camargo

Jornalista e apresentador, autor de “A Fantástica Volta ao Mundo”.

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Um ministério para chamar de seu

Como um apaixonado por turismo, tenho o direito de me indignar com o pouco caso que a pasta tem sobre a própria razão de existir

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É desconcertante ver a pouquíssima relevância do Brasil no cenário do turismo mundial. Mais ainda, lembrar que um ministério que deveria trabalhar para reverter essa situação tem outras prioridades. Tipo agradar partidos políticos.

Não sou comentarista político, tampouco cronista dos bastidores duvidosos de Brasília. Mas como um apaixonado por turismo, acho que tenho o direito de me indignar com o pouco caso que a pasta tem sobre a própria razão de existir.

Ministério de Minas e Energia e Ministério do Turismo - Pedro França/Agência Senado

Antes de falar da recente troca de gestor, vejamos de perto a tal relevância do nosso país para o viajante global. Nas minhas andanças pelo mundo —uma estatística, admito, não muito empírica—, raramente encontro pessoas que têm o Brasil como destino prioritário.

Somos sempre, percebo em comentários informais, uma curiosidade que "um dia", "se der tempo", vai ser saciada. Minha percepção desse desinteresse, no entanto, pode ser confirmada pela Organização Mundial do Turismo, que não nos coloca nem entre os 50 países mais visitados do mundo.

Um país que, só lembrando, tem Bonito (MS), Foz do Iguaçu (PR), Noronha (PE), Alter do Chão (PA), Ouro Preto (MG), Copacabana (RJ), Lençóis (MA) Jericoacoara (CE), Veadeiros (GO), Pipa (RN), Serra Gaúcha (RS), A Casa do Porco (SP), Brasília de Niemeyer... Ah e um cantinho lá no norte chamado Amazônia!

Os números são humilhantes: 6,4 milhões de visitas ao nosso país —dados de 2019, segundo a Organização Mundial do Turismo. Mas nada mudou nessa retomada do turismo global. Aliás, pirou: o governo "comemora" a entrada de 3,63 milhões de turistas aqui em 2022.

No mesmo ano, Portugal recebeu 15,3 milhões. E não vamos nem falar de Espanha (31,2 milhões), México (31,9 milhões) e França (48,9 milhões), o top 3 do ranking mundial. São comparações que sempre vemos em matérias sobre o turismo no Brasil —e nada muda.

Pior: leio recentemente em reportagem do Nossa Viagem, no UOL, que o Brasil não está nem entre as piores "roubadas de turista". Ramblas de Barcelona, Torre Eiffel em Paris, Fonte de Trevi em Roma... Não fazemos barulho nem na zoação!

E o que Ministério do Turismo tem feito sobre isso? Nas palavras da ex-ministra Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), que acaba de deixar o cargo, ela afirma que conseguiu "juntamente com uma equipe técnica comprometida e aguerrida, realizar entregas importantes para o turismo brasileiro". Só se esqueceu de falar quais foram essas entregas.

E virtualmente nenhuma reportagem, nem nesta Folha, que li sobre Celso Sabino (União-PA), seu substituto, descreve sequer uma qualidade sua para abraçar tal responsabilidade. A menos que ter sido chancelado pelo centrão seja uma delas.

Insisto: não tenho interesse nem sequer gabarito para entrar na discussão sobre esse labirinto do poder. Mas custava tratar a pasta com um pouco mais de respeito?

Tratados já foram escritos sobre a importância da contribuição dos setores do turismo para a economia do país. Nada a acrescentar. Mas onde acho que posso fazer diferença é no apelo para que a gente mude nossa reputação ao redor do mundo.

Mas para isso temos de ter visão. Tipo o pessoal lá "da terrinha", que no site turismoportugal.pt já detalha sua estratégia para 2027! Temos todo o potencial de subir no mínimo para o top 20. Polônia, Malásia, Áustria, fiquem espertas.

E, depois, uma boa comunicação. Um tempo atrás, nesta coluna, sugeri que nosso slogan internacional fosse "Brasil, de paixão a gente entende". Relanço a campanha. Mas tem alguém no nobre ministério ouvindo?

Eu tenho fé de que ainda vou ver nosso país ser essa potência.

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