Escolha qualquer culinária do mundo e, certamente, São Paulo terá um bom representante dela. Mas além de viajar no espaço, na capital também é possível viajar no tempo e matar a fome em ambientes que remetem ao século passado - pois, de fato, existem desde então, quando a cidade ainda tinha ares de vila.
Aos que quiserem embarcar nessa viagem, a Folha elenca cinco restaurantes e padarias centenárias da cidade. Veja abaixo a seleção:
Rei do Filet
Reza a lenda que foi neste salão, inaugurado em 1914, que Adoniran Barbosa compôs "Trem das Onze", o maior sucesso da sua carreira. Se é verdade, é difícil saber. Mas o fato é que o Rei do Filet, que funciona desde 1914, fazia parte do roteiro gastronômico do início do século 20. Hoje, infelizmente, as redondezas da Praça Júlio de Mesquita, onde fica a casa, não tem mais o mesmo brilho daquela época. Mas não tenha dúvidas: a qualidade dos filets servidos ali, consagrada pelo tempo, continua a mesma.
Praça Júlio Mesquita, 175, Santa Ifigênia, região central. De seg. à sex. das 11h às 16h; sáb. e dom. até às 17h. Tel.: (11)3221-8066
Padaria Italianinha
Junto à Basilicata (de 1914) e à São Domingos (de 1913), a Italianinha (1896) compõe um trio de padarias centenárias do Bexiga, tradicional bairro de imigração italiana em São Paulo. Ao contrário das casas de pães mais recentes, elas não têm serviço de balcão - parecem mais uma mercearia, nos dando o gostinho da experiência de frequentar uma padaria raiz. Desde a inauguração, muita coisa mudou: o nome (até os anos 1960 era Luccania), o dono e até o espaço, mas o forno mas o forno e o fermento natural ainda são os mesmos desde 1896.
Rua Rui Barbosa, 121, Bela Vista, região central. De ter. à sáb., das 7h às 20h; dom. até às 15h; seg., das 14h às 20h.
Mercearia Godinho
O espaço nasceu em 1888 como uma mercearia portuguesa, na qual os imigrantes de lá se abasteciam de produtos de sua terra natal –temperos, azeites, vinhos, bacalhau. Mais recentemente, uma receita especial de empada., com molho béchamel bem cremoso, deu novo fôlego à casa, que ocupa o térreo do Edifício Sampaio Moreira, o primeiro arranha-céu da capital, desde 1924 - antes, ficava na Praça da Sé. Hoje comandada pelo empresário Miguel Romano, a Godinho foi a primeira casa comercial a ganhar o título de patrimônio cultural imaterial de São Paulo.
Rua Libero Badaró, 340, Centro Histórico, região central. De seg. a sex., das 7h às 18h30. casagodinho.com.br
Carlino Ristoranti
Inaugurado em 1881, quando dom Pedro 2º ainda estava no poder e oito anos antes da Proclamação da República, o restaurante Carlino nunca deixou o centro de São Paulo. Embora já tenha mudado de donos e de endereço, desde 2005 a casa ocupa um pequeno salão na rua Epitácio Pessoa, na Vila Buarque, hoje cercada de lugares descolados como A Casa do Porco e a lanchonete Z Deli. O destaque da casa são as massas, como o Rigatoni al Gorgonzola e Frutti di Mare, um macarrão envolto no queijo gorgonzola, com frutos do mar puxados no vinho branco, azeite e ervas. Outra boa pedida é o Maccheroni Ubriachi, um penne embriagado no conhaque e vinho branco, ao molho de ragu de linguiça e molho rosé da casa.
Rua Epitácio Pessoa, 85, Vila Buarque, região central. De ter. à sex. das 11h30 às 15h; sáb. e dom. até às 16h. ristorantecarlino.com.br
Padaria Santa Tereza
Quando essa padaria, a primeira da cidade, foi inaugurada, 1872, São Paulo tinha apenas 30 mil habitantes e ainda se restringia ao que hoje chamamos de "centro histórico" —o Viaduto do Chá, primeiro marco expansionista da capital, veio só 20 anos depois. Além de uma padaria clássica, com seus balcões antigos, a Santa Tereza também é um restaurante que serve massas como espaguete, lasanha e canelone; carnes grelhadas, assadas e pratos como estrogonofe e filé à parmegiana.
Praça Doutor João Mendes, 150, Sé, região central. De seg. à sex. das 6h às 20h, e sáb. até às 19h. Tel.: (11)3111-1030
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