Por que a Coca-Cola tem gosto diferente em cada país?

Composição do refrigerante leva adoçante que varia no tipo e na quantidade a depender do lugar em que é produzido

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Ana Beatriz Garcia
São Paulo

A Coca-Cola é uma empresa que se orgulha de manter segredo sobre a receita universal do refrigerante criadao em 1886 por John Pemberto. No entanto, o gosto e a composição da bebida podem não ser tão uniformes ao redor do globo.

Se o refrigerante pode parecer mais doce em um país do que em outro é porque ele de fato é: de acordo com a publicação, o ingrediente usado em cada país para adoçar a Coca-Cola não é sempre o mesmo.

Latas de coca cola sendo transportadas em esteira de produção
Coca Cola na linha de produção; bebida na versão original varia o tipo de açúcar utilizado em diferentes países - Benoit Tessier/Reuters

Isso é o que explica as diferenças no gosto dependendo do país em que se bebe o refrigerante.

No Brasil e na França, por exemplo, a bebida é adoçada com sacarose, nome popular do açúcar branco. A diferença é que por aqui, ele é obtido da cana de açúcar; no país europeu, a partir da beterraba, segundo apurou o Le Parisien, jornal diário francês. Já nos Estados Unidos, o refrigerante leva xarope de milho com alto teor de frutose.

A frutose, ou o chamado açúcar invertido, é o xarope obtido a partir da separação química entre ela e a glucose, que formam o cristal do açúcar comum. No paladar humano, ela é sentida como menos doce do que a sacarose.

Procurada pela reportagem da Folha, a Coca diz que "a escolha dos insumos depende da disponibilidade de cada região e considera as características de preferências locais visando proporcionar sempre a melhor experiência de sabor para os consumidores".

A frutose, usada nos Estados Unidos, tem um poder adoçante 1,3 vezes maior que o da sacarose, da França e do Brasil. Isso significa que mesmo que duas versões da Coca-Cola usem a mesma quantidade de cada um dos açúcares, a bebida contendo frutose seria mais doce.

Além disso, a versão americana tem 11% de açúcar —contra 10,6% da francesa.

Segundo Flávio Luis Schmidt, professor livre-docente da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, a escolha pelo açúcar a ser usado leva em conta a preferência de cada local. O paladar brasileiro, por exemplo, está acostumado a produtos bem doces, como o brigadeiro, queridinho nacional que leva na receita leite condensado e chocolate em pó —ambos ricos em açúcar em suas versões mais comuns.

Além do gosto, a facilidade na produção e processamento dos diferentes açúcares pode levar a indústria a optar por um ou outro produto.

"O açúcar, a sacarose, vem em forma de pó. Isso significa que, para transformá-lo em uma bebida, será necessário dissolvê-lo e filtrá-lo pelo menos duas vezes. O açúcar invertido, por exemplo, já passou por esse processo, então já está pronto para ser utilizado, o que facilita o processo", conta o pesquisador.

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