Integrante que rasgou as notas do Carnaval está arrependido, diz advogado
O advogado de Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, integrante da Império de Casa Verde que invadiu a área da apuração e rasgou as notas do Carnaval de São Paulo na tarde de ontem (21), disse que seu cliente está arrependido.
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"Ele está arrependido, ele falou que teve um ato de fúria e que se soubesse das consequências jurídicas disso nunca faria", disse o advogado Eduardo Moraes.
Faria foi indiciado sob suspeita de danos ao patrimônio público e supressão de documentos, com outras sete pessoas. Ele foi transferido hoje para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros. Se condenado, a soma dos crimes prevê até oito anos de detenção.
Ontem (21), o delegado do Deatur Luís Fernando Saab disse que tanto Faria quanto Ferreira disseram em que havia um acordo entre todas as escolas de samba para que o resultado fosse "melado" --nenhuma escola seria rebaixada.
Segundo o delegado, como o acordo não foi anunciado durante a apuração, que caminhava para seu fim, e integrantes decidiram agir para interromper a apuração. O advogado de Faria nega que ele tenha dito algo sobre um suposto acordo em seu depoimento.
De acordo com o delegado Saab, Faria tem status de dirigente de sua escola, apesar de não ser dirigente constituído. Ontem, Faria estava na mesa dos diretores da Império de Casa Verde.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress | ||
CONFUSÃO
A confusão interrompeu a leitura das últimas notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo, no Anhembi (zona norte), na tarde desta terça-feira (21). Tudo começou quando um integrante de escola de samba invadiu a área onde as notas eram lidas, agrediu o locutor com um chute, pegou e rasgou os envelopes com as notas. A confusão se espalhou, e a apuração terminou em vandalismo.
Reprodução/TV Globo | ||
Homem invade área onde notas eram lidas, pega e rasga documentos; veja mais fotos da confusão |
Após o tumulto dentro do Anhembi, onde ocorria a apuração, torcedores invadiram parte da pista da marginal Tietê. Um carro alegórico foi queimado na dispersão do sambódromo, onde estavam as alegorias usadas nos desfiles.
Policiais militares que estavam no local tentaram proteger os locutores e jurados, mas a confusão foi generalizada. Integrantes de outras escolas também invadiram a área.
Depois, torcedores da Gaviões da Fiel invadiram a marginal Tietê, chutaram placas da cerca de proteção do pátio enquanto seguiam em direção à quadra da escola.
Marcos Bezerra/Futura Press | ||
Carro alegórico é destruído por incêndio após tumulto no sambódromo de SP; veja mais |
TROCA
A apuração já havia começado com clima tenso, após um atraso de mais de 20 minutos. Representantes de cada escola foram convocados para uma reunião à portas fechadas, que tratou de uma troca de jurados.
Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba, jurados dos quesitos samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram substituídos por suplentes na quinta-feira (16), um dia antes do início dos desfiles do Grupo Especial. Um dos jurados disse que não podia participar porque seria jurado no Rio, e o outro alegou motivos "emocionais". Segundo a Liga, a troca foi informada por e-mail.
O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, o Neguitão, reclamou da troca dos jurados e disse que isso deixou as escolas indignadas. "Nós não vamos aceitar isso. Estão roubando escolas, beneficiando essa daí [Mocidade], que só tira 10", disse.
No momento da interrupção, a Mocidade Alegre liderava a apuração e era a única com notas 10 em todos os quesitos avaliados. Faltavam ser lidas as duas últimas notas do último quesito.
Instantes antes da confusão, Neguitão começou a protestar contra a apuração, e integrantes da Camisa Verde e Branco se juntaram a ele, rompendo a barreira de segurança da área onde eram lidas as notas. Integrantes da Vai-Vai ameaçaram agredir fotógrafos que faziam imagens de Neguitão.
O diretor-executivo da escola, Américo Calandriello Júnior, disse que Neguitão ficou revoltado, mas não incitou agressões. "Ele é uma pessoa muito tranquila, e comanda uma comunidade enorme em torno da escola. Ele jamais agrediria ninguém."
Josélia Alves, da diretoria da Camisa, gritou pouco depois da interrupção: "Acabou o Carnaval de São Paulo. Não vai haver mais apuração. Não admitimos que as escolas sejam roubadas." Após ser divulgado o resultado do Carnaval, Alves disse que entraria na Justiça para anular a apuração.
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