Após cinco dias de ataques, Florianópolis vive sob medo
Após cinco dias de ataques criminosos em Santa Catarina, a tranquilidade de andar à noite pelas ruas de algumas praias de Florianópolis cedeu lugar ao medo. Enquanto ônibus são escoltados pela polícia, moradores e turistas estão mudando suas rotinas.
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A onda de violência, com dezenas de ônibus queimados, já atingiu a capital e mais 12 cidades no Estado. Foram 59 ataques no período --43 suspeitos foram presos.
Anteontem à noite, houve as primeiras mortes --três suspeitos que trocaram tiros com policiais. Mais seis ônibus foram incendiados.
Guto Kuerten/Agência RBS/Folhapress | ||
Ônibus é incendiado na SC-407, em São José, na região metropolitana de Florianópolis |
Moradora de Ingleses, a estudante Rafaella Miranda dos Santos, 22, evita passar muito tempo na rua. "Tinha festa para ir hoje, mas desisti."
O bairro fica no norte da ilha de Santa Catarina, mesma região de Canasvieiras e Jurerê, a que mais recebe turistas, principalmente paulistas, gaúchos e argentinos.
Em Jurerê Internacional, as ruas estavam vazias, bem diferente de um feriado, quando muitos aproveitam para caminhar, praticar exercícios e desfilar em carros luxuosos.
Neste feriado, segundo a ABIH-SC (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira), a ocupação nos hotéis da cidade está em cerca de 90%.
As estudantes Michelle Venâncio, 29, e Caroline Patrocínio, 20, de Maricá (RJ), vieram para um congresso. "Pai e mãe não queriam, mas resolvi arriscar", disse Michelle. "Isso [violência] causa uma má impressão muito grande", emendou Caroline.
Turistas chegaram a desistir da viagem a Florianópolis. Na pousada Residencial da Praia, em Ingleses, três casais cancelaram a reserva. "Disseram que estavam com medo dos atentados", disse a recepcionista Bruna Oliveira.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Para o presidente da ABIH-SC, João Eduardo Moritz, são casos isolados. "Nosso receio é mais à frente. Se os ataques continuarem, nos preocupa a temporada de verão."
Leandro Adegas, sócio do restaurante Taikô, em Jurerê Internacional, diz que o movimento não caiu, mas teme a repercussão negativa. "É preciso resposta enérgica."
FACÇÕES CRIMINOSAS
A cúpula da Segurança Pública no Estado disse que já identificou quais facções criminosas ordenaram ataques e quais são as motivações.
"É reação às ações no combate ao tráfico de drogas e no endurecimento do sistema prisional", diz o delegado-geral, Aldo Pinheiro D'Ávila.
O secretário de Segurança Pública, César Grubba, afirmou que os serviços de inteligência federais já estão colaborando com o Estado.
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