Mais Médicos não resolve, diz secretário
O infectologista David Uip, 61, assumiu a Secretaria da Saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) com críticas ao governo federal e um discurso de que "nunca acreditou em soluções fáceis, circunstanciais e marqueteiras".
O médico é a aposta dos tucanos para fazer frente às investidas em São Paulo do ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, Alexandre Padilha, principal nome do PT para a disputa do governo do Estado no ano que vem.
Gabo Morales - 26.jun.12/Folhapress | ||
David Uip, novo secretário da saúde de São Paulo |
Ao assumir a pasta, Uip reforçou sua oposição ao programa federal Mais Médicos, que tenta atrair profissionais às periferias e ao interior, mas negou que sua fala na posse de ontem citando "soluções marqueteiras" fosse uma referência à bandeira petista.
"Não é isso que resolve a saúde, mas espero que dê certo. Saúde se faz com trabalho no dia a dia, com investimento, multidisciplinariedade. O médico sozinho não resolve."
Questionado sobre que papel terá a saúde nas próximas eleições, Uip declarou: "Acho que não combina saúde com política. Toda vez que a política entra na agenda central da saúde, o povo perde. A minha postura é a de secretário de Estado que vai discutir com o ministro da Saúde, que é meu grande amigo, políticas públicas".
O novo secretário é conhecido pelo tratamento de celebridades e políticos, como a própria presidente Dilma. Substituiu Giovanni Guido Cerri, de perfil mais discreto.
Segundo Uip, o Estado investe em saúde mais do que o exigido pela Constituição, mas não vê a "mesma disposição por parte do governo federal", que "deixa de enviar anualmente R$ 1 bilhão para o SUS de São Paulo".
O novo secretário afirmou que a cada 30 minutos, em média, um paciente de outro Estado é atendido em hospitais públicos paulistas.
Também criticou a tabela de remuneração do ministério, "congelada há anos, aniquilando as Santas Casas e hospitais filantrópicos".
O secretário disse que seu maior desafio no cargo será reorganizar o atendimento dos hospitais paulistas.
Ele afirmou que 80% dos pacientes que procuram prontos-socorros poderiam ser tratados em unidades básicas ou por programas de saúde da família, "mas, como não existe resolução adequada, isso entrava o sistema de entrada da emergência".
Uip disse que está mapeando os serviços e que sua equipe fará visitas para identificar problemas. "Vou às ruas."
Afirmou que vai se dedicar "24 horas, sete dias por semana" à secretaria, mas que encontrará tempo para atender seus pacientes particulares.
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