Jovem é assassinado a tiros na Maré após abordagem de policiais do Bope
Um jovem de 18 anos foi morto com três tiros na manhã desta quinta-feira (27) após ser abordado por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na favela Rubens Vaz, no Complexo da Maré, zona norte do Rio, às vésperas da ocupação das forças federais –prevista para domingo (30). Segundo moradores, o corpo de Alexandre Rodrigues Beserra, 18, foi enrolado a uma capa preta de moto e levado numa picape da corporação.
Em nota, a PM diz que o rapaz chegou a ser encaminhado para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas não resistiu aos ferimentos. Os moradores, no entanto, afirmam que o jovem morreu no local.
O presidente da associação de moradores de Rubens Vaz, Vilmar Gomes, disse à Folha que Rodrigues jogava bola numa praça quando foi abordado pelos policiais. Em seguida, ele foi obrigado a levá-los até sua casa —a cerca de 100 metros do local. Moradores contam que ouviram gritos de tortura na casa do rapaz. Depois, ele foi levado para um beco, onde tiros foram ouvidos.
"A gente não sabe o que ele fazia da vida. Morava sozinho num cubículo e a família toda dele é da Cidade de Deus. Independente de tudo, não tinham o direito de fazer isso com ele", lamentou Vaz à reportagem.
Moradores contaram que havia vestígios de sangue na casa de Rodrigues e que ela estava toda revirada. A polícia não informou a defesa dos policiais, nem se eles foram afastados das ruas. Os nomes deles também não foram divulgados.
O crime teria acontecido por volta das 9h de ontem. A Polícia Civil informa em nota que já fez a perícia no local e o caso está sendo investigado pela 21ª DP (Bonsucesso). De acordo com investigadores, os dois PMs envolvidos na ação foram ouvidos e tiveram as armas apreendidas para exame de confronto balístico.
"A perícia foi feita no local, onde foram encontrados dois estojos de munição.40. Durante a ação, foram apreendidas uma pistola.40 e nove munições intactas", informou a Polícia Civil em nota divulgada nesta sexta.
A favela Rubens Vaz fica entre as comunidades Nova Holanda e Parque União, na Maré. A ONG Redes Maré afirmou que diversas denúncias de violações de direitos foram registradas desde o dia 21, quando a PM iniciou a ocupação na região.
A ONG diz que no final da tarde de quarta-feira (26), cinco jovens de 19 a 22 anos também sofreram agressões físicas e psicológicas de policiais do Bope. Os nomes das vítimas, porém, não foram revelados.
"Moradores têm procurado a Redes Maré para relatar violações, a maior parte delas sobre a invasão de policiais às casas. A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio pede aos moradores que entrem em contato, caso queiram denunciar os abusos", diz.
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