'Ceifaram a vida do meu filho', diz pai de jovem morto em festa na USP
Giba Bergamim Jr./Folhapress | ||
Pais do estudante Victor Hugo e o advogado do casal (no centro) durante entrevista coletiva |
"Ceifaram a vida do meu filho", disse o bancário José Marques dos Santos, 55, pai do estudante Victor Hugo Santos, 20, jovem que morreu após participar de uma festa na USP.
O rapaz, que cursava design no Senac, desapareceu no sábado (20), durante a festa que comemorava os 111 anos do grêmio politécnico. O corpo foi achado somente nesta terça-feira (23).
O pai e a mãe, a podóloga Vilma Consolação Costa Santos, 56, concederam uma entrevista coletiva no escritório do advogado Ademar Gomes, que disse ter sido contratado pela família.
Embora, tenha usado o termo "ceifar", o pai explicou que não quis dizer necessariamente que tenha sido um homicídio, mas que a a situação toda - eventual desorganização da festa e falta de segurança– levou seu filho à morte.
Ele criticou a falta de segurança do evento e diz que o velódromo é um "mausoléu".
"O velódromo não é lugar para festa, parece um mausoléu, não tem banheiro, nada. Uma criança pode subir e se atirar dali, não há segurança nenhuma, não há uma câmera", afirmou.
Santos diz esperar que a morte do rapaz seja um marco, para evitar que novas tragédias aconteçam.
Os pais elogiaram a decisão da direção da Poli, que proibiu novas festas na faculdade.
"O que me fortalece foi essa medida (de proibir) para mostrar que a morte não foi em vão", disse Vilma, que chorou durante quase toda a entrevista.
Ela afirmou que o filho sempre enviava mensagem a cada duas horas quando saía. "Meu filho saiu querendo voltar para casa. Ele arrumou a cama do amigo que dormiria em casa. Era uma criança que queria estar com a família", disse.
Eles disseram que os amigos contaram ter perdido o contato com Victor Hugo por volta das 4h30 de sábado. Depois disso, não o viram mais.
Sobre a hipótese de o jovem ter sido agredido por seguranças, os pais disseram ter sabido pelos amigos.
"Alguém disse que viu ele passando no meio de algumas pessoas tropeçando", afirmou José.
AÇÃO CONTRA A USP
O advogado disse que pretende entrar com uma ação indenizatória contra a USP, a empresa de segurança C.O.S e o Grêmio Politécnico.
Segundo Gomes, os amigos fizeram uma vaquinha para custear uma recompensa para quem oferecer informações que ajudem a esclarecer o crime. Os estudantes criaram uma página no facebook sobre o caso.
Gomes disse que todos os envolvidos também podem ser responsabilizados na esfera criminal. "Eles têm que responder, no mínimo, por omissão", disse.
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